Ataque: atentado da noite de quinta-feira voltou a mergulhar o país na dor e no medo oitos meses depois de homens armados matarem 130 pessoas em Paris (Eric Gaillard / Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2016 às 15h35.
Nice - Autoridades da França tentavam determinar nesta sexta-feira se o tunisiano que matou ao menos 84 pessoas avançando com um caminhão contra uma multidão no feriado do Dia da Bastilha agiu sozinho ou se teve cúmplices, mas disseram que o ataque teve as marcas registradas de militantes islâmicos.
O ataque da noite de quinta-feira na cidade de Nice, na Riviera Francesa, voltou a mergulhar o país na dor e no medo oitos meses depois de homens armados matarem 130 pessoas em Paris.
Estes ataques, e outro em Bruxelas quatro meses atrás, chocaram a Europa Ocidental, já apreensiva com os desafios de segurança representados pela imigração em massa, as fronteiras abertas e os bolsões de radicalismo islâmico.
O caminhão ziguezagueou pela avenida à beira-mar Promenade des Anglais enquanto uma queima de fogos de artifício que marcava o dia nacional francês terminava na noite de quinta-feira.
O veículo disparou na direção de famílias e amigos que ouviam uma orquestra ou caminhavam perto da praia do Mar Mediterrâneo rumo ao centenário Hotel Negresco.
Há pelo menos 10 crianças entre os mortos. Entre as dezenas de feridos, 25 estão ligados a aparelhos, informaram as autoridades nesta sexta-feira.
O transeunte Franck Sidoli disse ter visto pessoas caindo antes de o caminhão finalmente parar a cinco metros de distância dele. "Havia uma mulher lá, ela perdeu o filho. Seu filho estava no chão, sangrando", contou ele à Reuters no local.
O motorista, Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, morto a tiros por policiais no local da tragédia, era conhecido da polícia por crimes menores, mas não estava em uma lista de possíveis militantes.
Ele havia sido condenado por agressão no volante e cumpriu condicional três meses atrás por atirar uma paleta de madeira em outro condutor.
A investigação "tentará determinar se ele se beneficiou de cúmplices", disse o promotor de Paris François Molins. "Também tentará descobrir se Mohamed Laouaiej Bouhlel tinha ligações com organizações terroristas islâmicas".
"Embora o ataque de ontem não tenha sido assumido por ninguém, este tipo de coisa se encaixa perfeitamente com exortações de assassinato de tais organizações terroristas", acrescentou.
A ex-esposa de Bouhlel está sob custódia da polícia, informou Molins. A polícia encontrou uma pistola e várias armas de mentira no caminhão.
Fontes de segurança da Tunísia disseram à Reuters que o suspeito havia visitado sua cidade-natal de Msaken quatro anos atrás. Ele tinha três filhos e as autoridades tunisianas não tinham conhecimento de que ele defendesse pontos de vista radicais ou islâmicos.