Mundo

França investiga escolha de sedes dos Jogos do Rio e Tóquio

Justiça francesa desconfia de corrupção na escolha das sedes dos Jogos Olímpicos de 2016 e de 2020


	Cristo Redentor iluminado com as cores do Brasil: França investiga suspeita de corrupção na escolha das sedes dos jogos deste ano
 (Buda Mendes/Getty Images)

Cristo Redentor iluminado com as cores do Brasil: França investiga suspeita de corrupção na escolha das sedes dos jogos deste ano (Buda Mendes/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de março de 2016 às 23h10.

A Justiça francesa abriu em dezembro uma investigação sobre suspeitas de corrupção na escolha das sedes dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e de Tóquio-2020 - indicou uma fonte judicial à AFP nesta terça-feira, confirmando uma informação revelada pelo jornal britânico The Guardian.

"Tratam-se de verificações" para avaliar se infrações foram cometidas, ressaltou a mesma fonte.

"Até agora, não existe nenhuma prova", disse por sua vez um porta-voz do Comitê Olímpico Internacional, ressaltando que a entidade "manterá contato permanente com a justiça francesa.

Realizada pelo Ministério Público Financeiro da França (PNF), a investigação é vinculada àquela que levou ao indiciamento do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), o senegalês Lamine Diack, em novembro passado.

De acordo com o Guardian, o cartola é suspeito de ter servido, ao lado do filho, Papa Massata Diack, de intermediário entre cidades candidatas a sediar as Olimpíadas e membros do COI que participaram das votações.

O senegalês de 82 anos, que esteve à frente da IAAF durante 15 anos, de 1999 até agosto do ano passado, já está sendo acusado de ter recebido propinas para encobrir casos de doping no atletismo, e foi indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O jornal inglês aponta que, em um primeiro momento, Lamine Diack teria apoiado a candidatura de Istambul para receber o evento em 2020, antes de mudar de ideia quando um patrocinador japonês fechou um contrato de patrocínio com a IAAF.

"Essas alegações escapam do nosso entendimento", declarou o porta-voz do comitê organizador japonês, Hikariko Ono. "Os jogos foram atribuídos a Tokio porque a cidade apresentava a melhor oferta", completou.

Catar sob suspeita

Já Papa Massata teria atuado nos bastidores para que a cidade de Doha fosse escolhida para sediar os Jogos de 2016, mas a capital do Catar sequer passou da votação final, por ser reprovada pelo COI por conta de um problema de calendário.

O Catar já está na mira da justiça suíça, por conta de suspeitas de corrupção na escolha do país para sediar a Copa do Mundo de 2022.

O filho do ex-presidente da IAAF, que era consultor de marketing da entidade, foi banido para sempre pela comissão de ética, e é alvo de um mandado de busca emitido pelas autoridades francesas.

A atribuição dos Jogos ao Rio foi decidida em 2009, em Copenhague, na Dinamarca. Na votação, a Cidade Maravilhosa superou Madri, Tóquio e Chicago.

"O Rio ganhou os Jogos porque tinha o melhor projeto, tanto do ponto de vista da organização dos Jogos como de Legado. Vencemos Madri por 66 votos a 32, o que exclui qualquer possibilidade que seja uma eleição viciada", reagiu o comitê organizador do Rio-2016.

Quatro anos depois, em Buenos Aires, a capital japonesa acabou levando a melhor sobre Madri e Istambul.

A PNF também está investigando as condições da atribuição do Mundial de Atletismo de 2021, que acontecerá na cidade americana de Eugene, no Oregon.

O atual presidente da IAAF, o britânico Sebastian Coe, que substituiu Diack em agosto, é acusado de conflito de interesses, suspeito de ter influenciado a escolha de Eugene, berço da Nike.

Na época da decisão, em abril do ano passado, ele ainda era embaixador dessa marca de material esportivo, e ocupava o cargo de vice-presidente da IAAF. Sob pressão, Coe encerrou o contrato com a Nike em novembro do ano passado, abrindo mão de uma remuneração de 132.000 euros por ano.

Eugene, que foi derrotada pelo Catar na disputa para receber o evento em 2019, foi escolhida para sediar a edição seguinte antes mesmo das demais candidaturas terem sido avaliadas.

Este procedimento excepcional já havia sido utilizado no passado, quando a cidade japonesa de Osaka obteve a organização do Mundial-2007.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesOlimpíada 2016Olimpíadas

Mais de Mundo

Agenda do G20 no Brasil entra na reta final; veja o que será debatido entre os líderes globais

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social