Agência de Notícias
Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 08h13.
Última atualização em 16 de dezembro de 2024 às 08h21.
O ministro interino do Interior de França, Bruno Retailleau, disse que serão necessários “dias e dias” para fazer um balanço das vítimas nas ilhas Mayotte, devastada pelo ciclone Chido no último sábado, 14.
“Na realidade, para ter um balanço (de mortos e feridos) serão necessários dias e dias, por isso não há necessidade de dar números”, disse Retailleau a uma equipa de soldados, em uma conversa gravada pelas câmaras assim que ele desembarcou em Mayotte nesta segunda-feira, 16.
O ministro em exercício aludiu assim às estimativas fornecidas no domingo pelo delegado do Governo em Mayotte, François-Xavier Bieuville, que, em ua entrevista, disse que até o momento, havia 14 mortes confirmadas, mas alertou que poderia haver "várias centenas de mortos", e até "milhares" devido à destruição das grandes favelas do território.
A ilha principal, de 374 quilômetros quadrados e 320 mil habitantes, foi devastada por rajadas de vento até 220 quilômetros por hora e fortes chuvas, que deixaram, segundo as poucas imagens disponíveis e testemunhos de habitantes, cenas apocalípticas.
O hospital da capital Mamouzou sofreu graves danos e 70% dos serviços do hospital não funcionam com a chuva que entra livremente em parte das instalações, explicou um dos chefes de serviço do hospital à emissora pública FranceInfo.
Como consequência, o hospital está a evacuar os feridos mais graves para o arquipélago francês da Reunião, também no Oceano Índico.
“Desde ontem que existem centros de abrigo que não têm comida nem água”, disse à FranceInfo o senador do arquipélago de Salama Ramia, que também alertou para os “saques” sofridos pelas áreas destruídas.
O ciclone devastou um arquipélago com graves problemas, já que quase 80% vive abaixo do limiar da pobreza e a sua população aumentou quase 50% na última década devido à imigração irregular.
Não há água potável, nem eletricidade, nem rede de telecomunicações na maior parte do arquipélago que é território ultramarino da França, onde os alimentos estão a tornar-se escassos. As estradas estão fechadas e o aeroporto internacional fechado para voos comerciais.
As autoridades temem a propagação de doenças como a cólera devido ao colapso dos sistemas de esgotos e ao ressurgimento dos saques no departamento francês mais precário, já que quase 80% da população vive abaixo do limiar da pobreza.
Um primeiro avião chegou domingo ao aeroporto da capital Mamoudzou com ajuda e para servir de centro de organização logística e canalização da ajuda que chegará em voos sucessivos, inicialmente provenientes do arquipélago da Reunião, no Oceano Índico.
Cerca de 800 policiais e bombeiros também chegarão em breve para participar de resgates, tarefas de segurança (foram relatados saques em supermercados) e ajuda sanitária e logística, anunciou o Ministério do Interior.
A primeira tarefa será reparar a torre de controle do aeroporto e permitir a reabertura total das instalações para a chegada de aeronaves civis.
O presidente Emmanuel Macron presidirá a primeira reunião de uma célula de crise em Paris esta tarde.