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França deve permitir véus e ensinar árabe nas escolas

País pretende integrar melhor a sua população de imigrantes


	Muçulmanas: documento, parte de uma revisão do governo sobre a política de integração, provocou forte reação de políticos opositores conservadores e desconforto entre os governistas socialistas
 (Getty Images)

Muçulmanas: documento, parte de uma revisão do governo sobre a política de integração, provocou forte reação de políticos opositores conservadores e desconforto entre os governistas socialistas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 13h16.

Paris - A França deve reverter décadas de estrito secularismo para integrar melhor a sua população de imigrantes, permitindo que muçulmanas usem o véu em escolas e promovendo o ensino do árabe, de acordo com um relatório encomendado pelo primeiro-ministro.

O documento, parte de uma revisão do governo sobre a política de integração, provocou forte reação de políticos opositores conservadores e desconforto entre os governistas socialistas.

O documento diz que França, com a maior população de muçulmanos da Europa, deve reconhecer a "dimensão árabe-oriental" da sua identidade e, por exemplo, mudar nomes de ruas e lugares, reformular currículos de história e criar um dia especial para homenagear a contribuição das culturas imigrantes.

Apesar de levantamentos relacionados a etnia serem oficialmente banidos, estima-se que 5 milhões de muçulmanos, a maior parte deles do norte da África, vivem na França.

O primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, que no mês que vem irá comandar uma reunião ministerial sobre como melhorar a integração, disse à imprensa que não há planos para derrubar a proibição do uso do véu e procurou se distanciar do relatório.

"O fato de eu ter recebido um relatório não o transforma em política do governo", afirmou ele, depois que o jornal Le Figaro chamou a atenção para o documento, que está disponível no site do premiê desde o mês passado.

Entre as recomendações feitas pelos especialistas estão proibir que autoridades e meios de comunicação façam referência a nacionalidade, religião e etnia das pessoas e a criação de um novo tipo de ofensa, o "assédio racial".


Eles também propuseram o ensino de árabe e de idiomas africanos nas escolas francesas.

Ayrault declarou que o objetivo era levantar formas de lutar contra a discriminação e a desigualdade para "fazer que o modelo republicano de integração funcionasse de novo, porque ele estava quebrado".

Jean-François Cope, líder de um partido de centro-direita, acusou o governo de querer ganhar o voto dos imigrantes e denunciou "uma tentativa de fazer o multiculturalismo um novo modelo para a França".

"Daqui a pouco não vão ser mais os imigrantes que terão de adotar a cultura francesa, mas os franceses vão ter que abandonar a sua cultura, língua, história, identidade para se adaptar aos outros", disse ele num comunicado.

A líder da Frente Nacional, de extrema-direita, Marine Le Pen, disse que a implementação das recomendações seria equivalente a "uma declaração de guerra contra o povo francês".

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