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França continua tentando bloquear acordo UE-Mercosul, diz Macron

Governo francês considera o texto "inaceitável", por avaliar que os agricultores do bloco sul-americano devem respeitar as normas ambientais e sanitárias em vigor na UE

Emmanuel Macron, presidente da França (Ludovic Marin/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 22 de fevereiro de 2025 às 10h51.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste sábado, 22, em Paris que continua buscando "uma minoria de bloqueio" dentro da União Europeia (UE) contra o acordo comercial com o Mercosul.

A França, que lidera os países europeus que se opõem ao acordo, considera o texto "inaceitável", por avaliar que os agricultores do bloco sul-americano devem respeitar as normas ambientais e sanitárias em vigor na UE para evitar uma eventual concorrência desleal.

"Nossos agricultores não podem ser a variável de ajuste do poder aquisitivo (...) nem a variável de ajuste dos acordos agrícolas", disse o presidente francês antes da abertura do Salão Anual da Agricultura em Paris.

"Por isso, também expressamos oposição ao Mercosul da maneira como foi assinado", declarou Macron, em referência ao tratado comercial.

O acordo para liberalizar o comércio entre a UE e quatro países sul-americanos - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - foi assinado em 6 de dezembro de 2024, mas ainda deve ser ratificado para entrar em vigor.

"Da maneira como foi assinado, este é um texto ruim. E por isso faremos todo o possível para que não siga seu caminho, para proteger a soberania alimentar francesa e europeia", insistiu Macron.

"Não há nada que diga que amanhã os alimentos não se tornarão uma arma, então nossa responsabilidade é produzir em nosso próprio solo o que precisamos para nos alimentar e para alimentar nossos filhos", afirmou.

O vice-presidente do partido de extrema-direita francês Reagrupamento Nacional, Louis Aliot, chamou o tratado de "catastrófico".

"Só poderíamos chegar a um acordo se houvesse reciprocidade nas condições de produção. Você pode abrir seu mercado para produtos de todo o mundo, mas eles têm que cumprir as mesmas normas", disse.

"Embora o presidente (Macron) e seu governo afirmem rejeitar este acordo, permitem que seu processo de adoção continue em Bruxelas", escreveu o partido em um comunicado, no qual denuncia um "discurso duplo".

Para ser ratificado, o acordo de livre comércio deve obter a aprovação de pelo menos 15 Estados-membros que representem 65% da população da UE, e depois obter maioria no Parlamento Europeu.

Criado em 1991, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, a Bolívia, que não está incluída no acordo.

A Venezuela aderiu ao bloco em 2012, mas sua adesão foi suspensa em 2016.

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