Segundo Alain Juppé, as forças francesas estão apenas defendendo os civis (Jacques Demarthon/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2011 às 16h15.
Paris - As condições de rendição de Laurent Gbagbo na Costa do Marfim foram fixadas pelo presidente eleito Alassane Ouattara e não pela França, afirmou nesta quarta-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.
"O presidente Ouattara fixou as condições de negociação com Gbagbo para sua partida. Não foi a França que fixou as condições, foi o presidente marfinense eleito. Foram levadas pelo representante especial das Nações Unidas com, é verdade, a ajuda de nosso embaixador", afirmou Juppé ante a Assembleia Nacional.
"As condições fixadas pelo presidente Ouattara são bem claras: exige que Laurent Gbagbo aceite sua derrota e reconheça a vitória do presidente legitimamente eleito, não estamos nisso e, infelizmente, quem tem a palavra são as armas", acrescentou.
O ministro atribuiu o fracasso das negociações à "intransigência de Laurent Gbagbo". "Naturalmente, nem a Onuci nem a força Licorne participam nos combates que se desenvolvem fora do contexto da resolução 1975 da ONU", que reclama a neutralização das armas pesadas, recordou.
As forças do presidente marfinense reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara, iniciaram nesta quarta-feira a ofensiva final contra a residência de Laurent Gbagbo, depois de considerar que fracassaram as negociações para a rendição.
A França, no entanto, negou qualquer envolvimento na ofensiva contra Gbagbo e afirmou que a força Licorne tem a missão de proteger cidadãos estrangeiros.
O ministro francês de Defesa, Gerard Longuet, assegurou nesta quarta-feira em Nimes (sul) que França não vai intervir na Costa do Marfim se o presidente reconhecido, Alassane Ouattara, pedir que tirem definitivamente o atual presidente Laurent Gbagbo do bunker em que está entrincheirado.
"A França pode intervir a pedido das Nações Unidas. Mas não obedecemos nenhuma força política na Costa do Marfim", afirmou o ministro.
"Se for o caso, para proteger as populações civis, podemos responder a um requerimento das Nações Unidas. Ponto final", acrescentou Longuet.
Longuet disse ainda que Ouattara não tem a intenção de acabar com a vida de Gbagbo.
"Não é a intenção do presidente Ouattara, mas a guerra é a guerra e às vezes é imprevisível", concluiu.