Soldados franceses em Mali: essencialmente, as tropas francesas, que atuam junto com o Exército regular do Mali, são integradas por forças de infantaria (AFP/ Issouf Sanogo)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 19h09.
Paris - A França anunciou nesta sexta-feira que reforçou sua presença militar no Mali com o envio de mais 1.800 soldados, o que demonstra o esforço de Paris para interromper o avanço salafista do norte do país africano em direção ao centro.
O objetivo é aumentar depois o número de soldados no Mali para até 2.500. O ministro francês de Defesa, Jean-Yves Le Drian, informou hoje que com o envio de 1.800 soldados continua "a progressão de nossa implantação no terreno".
Essencialmente, as tropas francesas, que atuam junto com o Exército regular do Mali, são integradas por forças de infantaria, algumas delas procedentes do Chade; um esquadrão blindado oriundo da Costa do Marfim, e soldados das unidades de operações especiais, fundamentais na luta antiguerrilha.
Estas forças contam com o apoio de helicópteros e aviões de combate, entre outros dos caças-bombardeiros "Rafale", que desde o começo da chamada operação Cerval bombardeam sistematicamente os núcleos operacionais dos salafistas.
O ministro justificou a magnitude da operação em função do perigo que representa o avanço que três grupos salafistas, Ansar al Din, Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) e Monoteísmo e Jihad em África Ocidental (MYAO), realizaram no final da semana passada. As três organizações vieram do norte do Mali, região onde tomaram o poder em junho de 2012, após retirar da zona os rebeldes separatistas tuaregues.
Le Drian garantiu que a operação está sendo feita de acordo com as normas internacionais e é apoiada pelos principais parceiros da França.
A operação teve alguns avanços no terreno, em particular com a tomada pelas tropas do Mali da cidade de Kona, a cerca de 700 quilômetros da capital Bamaco, que estava em mãos dos salafistas desde o dia 10 de janeiro, o que originou a intervenção francesa.
No entanto, o Ministério e Defesa francês se mostrou mais cauteloso sobre a possível tomada de Diabali (a 400 quilômetros ao norte de Bamaco), apesar das informações vindas do Mali, que afirmam que a cidade foi recuperada.
O porta-voz do Estado-Maior do Exército francês, o coronel Thierry Burkhard, informou que "os grupos terroristas estavam misturados com a população" de Diabali, pois assim sabem que não serão bombardeados pelo ar, e que até a tarde de hoje não estava ciente de nenhuma operação realizada na cidade.
No campo político, as autoridades francesas se esforçaram por insistir na justificativa para realizar a operação e no apoio internacional que recebem, que no momento é pouco visível no cenário do conflito.
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, referiu-se à tomada de reféns após o ataque de um grupo salafista originário da AQMI a um complexo de gás na Argélia, o que segundo sua opinião "confirma a gravidade da ameaça terrorista" na zona do Sael e "justifica ainda mais a decisão de França de ajudar o Mali, porque são os mesmos grupos terroristas".
Ayrault lembrou os objetivos da França no Mali: "deter o avanço dos terroristas em direção a Bamaco, o que foi atingido, garantir a existência do Estado malinês e facilitar a aplicação das resoluções internacionais" com o desdobramento de uma força multinacional africana.
O primeiro-ministro frisou que a "operação responde à chamada das autoridades malinesas e está de acordo com as Nações Unidas", além disso, conta "o suporte ativo da comunidade internacional e de nossos sócios europeus".
O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, considerou "possível" o apoio logístico que vários países europeus estão oferecendo à França se ampliar e incluir o envio de tropas de combate.
Fabius, que participou de uma reunião em Bruxelas com chanceleres da União Europeia (UE) sobre a crise do país africano, lembrou que, independentemente de algum outro Estado membro decidir enviar soldados a Mali, um bom número deles já estão cooperando com Paris e apoiam politicamente a operação.
"O conjunto de países europeus expressou sua solidariedade com Mali e com a ação da França", ressaltou o ministro, ao mesmo tempo em que afirmou que os franceses não estão sozinhos e sim são os "precursores", e que "sem a ação da França, já não haveria Mali".