As escolas francesas fizeram um minuto de silêncio e Sarkozy foi ao aeroporto parisiense de Roissy-Charles de Gaulle durante o embarque dos corpos das quatro vítimas (Franck Prevel/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2012 às 18h32.
Paris - As investigações para prender o homem suspeito de matar sete pessoas na região da cidade francesa de Toulouse, quatro delas em uma escola judaica, intensificaram-se nesta terça-feira diante do temor de que o assassino volte a agir, enquanto a população continua comovida com o mais recente crime.
Após os assassinatos cometidos na segunda-feira por um homem armado que disparou indiscriminadamente em frente à entrada da escola, as autoridades estenderam a área em alerta antiterrorista ao mais alto nível e um número excepcional de agentes trabalham no local, 200 deles diretamente na identificação do autor dos crimes.
O procurador-chefe de Paris, François Molins, responsável pela investigação desde que o crime foi classificado como terrorismo, admitiu o temor de um novo golpe do assassino, que até agora agiu em uma média de um homicídio a cada quatro dias.
'Estamos diante de um indivíduo extremamente determinado, com muito sangue frio e com alvos extremamente definidos', afirmou o procurador, que disse que até agora nenhuma pista foi descartada.
Os investigadores consideram o autor do tiroteio contra a escola judaica - que matou três crianças e um adulto - também responsável pelo assassinato de dois soldados paraquedistas na cidade de Montauban no último dia 15 e o de um terceiro militar quatro dias antes, em Toulouse, todos eles de origem norte-africana.
A origem das sete vítimas abre uma pista sobre uma possível motivação racista do assassino. Mas os investigadores também trabalham com a hipótese neonazista, já que os dois paraquedistas de origem norte-africana assassinados em Montauban, perto de Toulouse, no último dia 15, pertenciam ao mesmo regimento que os militares expulsos após terem sido fotografados diante de uma suástica fazendo a saudação nazista.
Apesar de fontes policiais citadas pela imprensa francesa ter indicado que essa pista tinha sido descartada, Molins afirmou que ela está sendo checada, da mesma forma que as outras. Como também se cogita a hipótese de o autor do crime ter problemas mentais, a equipe de investigadores conta com especialistas no assunto.
Esta é, inclusive, uma hipótese reforçada pelo depoimento de uma testemunha do massacre na escola, que disse ter visto o assassino com uma câmera colocada no peito, provavelmente para gravar o incidente premeditado.
Esse elemento 'tende a confirmar o perfil psicológico do assassino', indicou o ministro do Interior, Claude Guéant, enquanto o procurador, mais prudente, limitou-se a dizer que não está comprovado que ele portava uma câmera.
A polícia mobilizou um grande contingente para o local do crime e está em busca de testemunhas do incidente, além de realizar investigações na internet. Segundo uma das hipóteses mencionadas pelo procurador, o assassino pode ter encontrado a primeira vítima através de um anúncio online para vender uma moto.
O responsável da investigação detalhou o modus operandi do suspeito: uma arma de mesmo calibre foi usada nos três homicídios (embora se tenha usado uma segunda arma de maior calibre no atentado da escola) e o autor dos crimes sempre fugiu em uma moto do mesmo modelo (de alta cilindrada, da marca Yamaha, identificada como preta nos dois primeiros e como branca no segundo).
Além disso, as oito vítimas morreram por disparos à queima-roupa na cabeça e, em nenhum dos três crimes, o assassino não tirou o capacete em nenhum momento.
Em paralelo, a França tenta recuperar a calma após o massacre da escola Ozar Hatorah, de Toulouse, e o país - que estava concentrado na campanha eleitoral para o pleito presidencial de abril-maio - vê a tragédia com temor e receio.
A escola atingida reabrirá as portas nesta quarta-feira para que as crianças recuperem a rotina, mas os principais candidatos à Presidência da França manterão a campanha eleitoral suspensa.
Nesta terça-feira, os dois candidatos favoritos - o atual presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o socialista François Hollande - protagonizaram atos institucionais de solidariedade com a comunidade judaica.
As escolas francesas fizeram um minuto de silêncio e Sarkozy foi ao aeroporto parisiense de Roissy-Charles de Gaulle durante o embarque dos corpos das quatro vítimas, que foram transferidos a Israel, onde serão sepultados.