Brexit: muitos pescadores franceses trabalham do litoral atlântico em águas britânicas (Toby Melville/Reuters)
EFE
Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 09h55.
Paris - O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, anunciou nesta quinta-feira que decidiu "ativar o plano do brexit sem acordo" pela grande possibilidade de esse ser o cenário final da saída do Reino Unido do bloco, depois da rejeição do Parlamento britânico ao acordo entre Londres e os parceiros europeus.
"A hipótese de um 'brexit' sem acordo é cada vez mais provável", afirmou Philippe em um comparecimento diante da imprensa ao término de uma reunião que presidiu com outros membros de seu Governo envolvidos na saída do Reino Unido da União Europeia.
O primeiro-ministro disse que o plano está sendo preparado desde abril deste ano e que a pesca é o setor "mais suscetível" de sofrer as consequências do brexit, já que muitos pescadores franceses do trabalham do litoral atlântico em águas britânicas.
Por isso, disse que sua intenção é "defender os interesses dos pescadores franceses", pelo qual seu Executivo vai trabalhar "ativamente" junto com a Comissão Europeia.
O dispositivo francês para fazer frente a um "brexit" duro implicará em um investimento de 50 milhões de euros em portos e aeroportos que vai ser lançado "nos próximos dias" para garantir a continuidade do fluxo de mercadorias e pessoas depois de 29 de março.
Além disso, a Administração contratará "nas próximas semanas" 600 pessoas para postos alfandegários e de controle veterinário.
Também há uma dimensão legislativa, com uma lei de habilitação que será definitivamente adotada nesta quinta-feira e que permitirá ao governo, conforme planeja, adotar cinco decretos nas próximas três semanas com medidas para preparar um "brexit" sem acordo.
O objetivo é que haja o menor impacto possível, ressaltou o primeiro-ministro, que reconheceu que resta "trabalho pela frente", em primeiro lugar para informar aos cidadãos e muito particularmente às pequenas e médias empresas que têm atividade com o Reino Unido.
A patronal francesa Medef enviou nesta quarta-feira uma mensagem de alerta às empresas para "se preparar para o pior cenário", ou seja, para um "brexit" sem acordo, e pediu que investiguem as consequências para sua atividade em termos logísticos, jurídicos, promotores, alfandegários, de transferências de dados e de certidão.
Desde o voto no Parlamento britânico contra o acordo negociado durante dois anos com os outros 27 países da UE, as autoridades francesas, começando pelo presidente, Emmanuel Macron, insistiram que Londres agora deve comunicar quais são suas intenções.