Bhaktapur, Nepal: Banco Asiático de Desenvolvimento considera que 40% da economia do país foi afetada com o terremoto (REUTERS/Adnan Abidi)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2015 às 19h31.
Um dos países mais pobres da Ásia, o Nepal enfrentará após o terremoto uma custosa reconstrução que levará anos, em um momento em que sua economia começava a se recuperar após uma década de guerra civil.
No sábado, um terremoto de magnitude 7,8 arrasou grande parte da capital do país, Katmandu, e matou mais de 4.000 pessoas no pior desastre ocorrido no Nepal nos últimos 80 anos.
O Nepal, um país com forte instabilidade política causada pela guerra com os rebeldes maoístas, encerrada em 2006, terá que empreender agora uma reconstrução que sua frágil economia não poderá custear sozinha.
"O terremoto teve um impacto devastador na economia do Nepal, um país muito pobre e com capacidades de financiamento extremamente limitadas para a reconstrução com seus próprios recursos", afirmou Rajiv Biswas, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico da consultoria IHS.
"O custo total de reconstrução no Nepal no longo prazo, se forem usados os parâmetros de construção apropriados para regiões vulneráveis a terremotos, pode superar os 5 bilhões de dólares, aproximadamente 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Nepal", completou.
"Precisa-se urgentemente de equipes internacionais de socorro e de resgate, assim como ajuda financeira e técnica internacional em grande escala para reconstruir a economia no longo prazo", enumerou o especialista.
O Nepal tem um PIB per capita de apenas 1.000 dólares por pessoa, segundo a consultoria IHS, com muitas famílias pobres que dependem da agricultura e, cada vez mais, do turismo para sobreviver.
A agricultura é o setor mais importante da economia e emprega mais de 70% da população, representando 33% do PIB, de acordo com o site da consultoria.
O terremoto de sábado, o mais forte no Nepal desde 1934, quando morreram 10.700 pessoas, destruiu infraestruturas, estradas e prédios, além de ter paralisado as comunicações.
Um funcionário do Banco Asiático de Desenvolvimento, Hun Kim, considerou que 40% da economia do país foi afetada.
"A agricultura representa mais de 30% do nosso PIB e com 36 distritos afetados não é provável que nossas projeções econômicas se cumpram. Tempos difíceis estão por vir", disse à AFP Bishamber Pyakurel, um economista de Katmandu.
"A demanda de produtos de primeira necessidade está aumentado, mas há uma oferta restrita", acrescentou, advertindo que o preço dos alimentos deve começar a subir.
Turismo de escalada e cultural
O PIB do Nepal cresceu 5,48% no ano passado, segundo o site do instituto de estatísticas o país. O percentual é considerado muito satisfatório comparado com o crescimento de apenas 0,16% de 2002, quando a insurreição maoísta estava no auge.
O turismo tem sido uma atividade crucial para o crescimento econômico. O Nepal atraiu quase 800.000 visitantes estrangeiros em 2013, muitos deles chegados para escalar o Everest, e outros para conhecer a rica história cultural de Katmandu.
Parte da capital ficou em ruínas e milhares de habitantes estão em tendas de campanha, com suas casas foram reduzidas a escombros após o terremoto.
O sismo também causou uma avalanche no Everest, que arrasou parte do acampamento base e matou 18 pessoas.
O turismo de escalada é uma fonte vital de receitas, que deve sofrer redução neste ano, quando mais seria necessária.
O chefe do departamento de turismo, Tulsi Gautam, avisou que pode suspender a temporada de escalada até o final do ano, mas ainda não foi tomada qualquer decisão oficial.