Sede da ONU em Genebra, na Suíça
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 14h09.
Renovado com os mais recentes movimentos de protestos, como Indignados ou Ocupe Wall Street, o Fórum Social terminou neste domingo no Brasil convocando um grande protesto mundial em junho, que terá por objetivo pressionar por medidas contundentes contra a crise e por resultados na cúpula Rio+20 da ONU.
Os movimentos sociais convocaram na cidade de Porto Alegre os cidadãos a "tomarem as ruas no dia 5 de junho", em um protesto global contra o capitalismo e em defesa da justiça social e ambiental.
Também lançaram a "Cúpula dos Povos", que reunirá as organizações sociais paralelamente à reunião da ONU no Rio de Janeiro, e pediram uma verdadeira pressão cidadã para que o evento mundial não termine com uma mera "ecologização do capitalismo".
A Rio+20, a quarta grande cúpula do desenvolvimento sustentável da história desde 1972, deve reunir em junho presidentes de todo o mundo, convocados a se comprometer com uma "economia verde" e social. Mas os movimentos sociais consideram que a proposta é "insuficiente" e criticam duramente o conceito de "economia verde".
"O que precisamos é de uma verdadeira mudança no sistema, não de uma solução que chamam de economia verde, que é levar os mercados financeiros à natureza", disse à AFP Nicola Bullard, da organização Focus on the Global South, na Ásia.
"Se não levantarmos o tema da desigualdade, não resolveremos os problemas", expressou o sociólogo venezuelano Edgardo Lander.
Em um discurso diante de 4 mil ativistas no Fórum Social na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff convocou a Rio+20, que será presidida por ela em junho, a lançar "um modelo de desenvolvimento que articule crescimento e geração de emprego, combate à pobreza e redução das desigualdades, uso sustentável e preservação dos recursos naturais".
Esta edição do Fórum Social, menor que as bianuais mundiais, mas que reuniu 40 mil participantes em Porto Alegre, encerrou com uma força renovada pelo recente movimento de protesto cidadão, o Ocupe Wall Street, os Indignados na Espanha, a Primavera Árabe, a greve dos estudantes chilenos, que no último ano tomaram as praças públicas para dizer basta ao sistema e aos seus governos diante da crise que deixa milhões sem perspectiva.
A urgência da crise e a indignação cidadã em todo o mundo "nos deram mais unidade na diversidade", disse à AFP Candido Grzywoski, um dos fundadores e coordenadores do fórum social, que neste ano convidou representantes de todos estes movimentos.
O Fórum surgiu há 12 anos do mesmo empenho de enfrentar as elites de governos e do capital, que anualmente se reúnem nas mesmas datas no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça).
"Se o sistema não for capaz de redistribuir e enfrentar a desigualdade, nós mesmos teremos que fazer", disse em Porto Alegre Sam Halvorsen, que participou do Ocupe Londres na Praça St. Paul.
O problema é a ação após o protesto. "As elites políticas e econômicas são o 1% dominando o mundo e nós somos o 1% querendo mudá-lo. Onde estão os 98%? Há muitos que estão felizes porque oferecem a eles cada vez mais produtos de consumo, mas há muitos preocupados e insatisfeitos. O desafio do Fórum Social Mundial é falar com eles", explicou Chico Whitaker, um dos fundadores do Fórum.
Esta edição do Fórum Social foi convocada para debater a cúpula Rio+20 e a crise. O próximo Fórum Social Mundial será realizado em 2013 no Cairo.