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Fórum Social e Econômico procuram soluções para a pobreza na África

Apesar de distantes geográfica e ideologicamente, os fóruns em Porto Alegre e em Davos tiveram como tema, nesta quinta-feira, o combate à pobreza e a necessidade de o mundo ajudar os países africanos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 12h48.

Em um discurso para mais de 10 mil participantes do Fórum Social Mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou mostrar que os debates em Porto Alegre e em Davos (Suíça) não são tão distantes assim. Nas duas cidades, o combate à pobreza e os problemas sociais de países africanos a miséria, a fome, questões de saúde pública estão no centro das atenções.

Na capital gaúcha, Lula voltou a um tema que lhe é caro. O presidente da República defendeu a necessidade de o Brasil fomentar a relação com a África. "O país tem uma dívida histórica com a África. Por muito tempo, o país deu as costas para o continente. É preciso restabelecer uma relação com os países do continente", afirmou Lula na manhã de hoje (27/1) entre vaias e aplausos da platéia que lotava o ginásio Gigantinho. No final do dia, o presidente deve seguir viagem para Davos.

Bono Vox, vocalista da banda U2 e membro da organização Data (Debt, AIDS and Trade in África) nunca esteve no fórum de Porto Alegre. Neste ano, ele afirmou em Davos que a atual geração será lembrada por três coisas: a internet, o combate ao terrorismo e a relação com os países africanos.

Presente ao mesmo painel que Bono, Bill Gates, o homem mais rico do mundo, pediu que os líderes políticos busquem um financiamento maior do G-8 (o grupo das sete nações mais ricas do mundo mais a Rússia) às nações africanas. Ao lado de Gates e Vox, participaram da plenária intitulada "The G-8 and Africa: Rhetoric or Action?" o primeiro-ministro britânico e presidente do G-8, Tony Blair; o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton; o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, e o presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo.

A  participação do presidente brasileiro no Fórum Social Mundial marcou o lançamento da Chamada Global para a Ação Contra a Pobreza. No pronunciamento, Lula salientou o pragmatismo da campanha e a unidade que o esforço demonstrava. "Estou aqui porque acredito que vocês estão dando um passo muito importante. Vocês estão deixando de ser um conjunto de pessoas cada um discutindo o que quer e começam a mostrar que a fome é mais do que um problema social, é um problema político."


Pouco antes de encerrar seu discurso, Lula dirigiu-se a manifestantes contrários à política econômica e social do governo federal que vaiaram por todo o tempo o pronunciamento do presidente. "Esse barulho eu ouço desde 1975, mas meus ouvidos estão calejados. Esses que não querem ouvir são filhos do PT que se rebeleram. Eles são jovens. Mas um dia eles amadurecerão e retornarão à 'casa'."

O longo de todo o discurso, o presidente Lula afirmou que a integração dos países sul-americanos é essencial para a busca de uma nova "geografia comercial". Segundo ele, os países pobres precisam se unir para buscar novos mercados e não depender de forma tão preponderante dos Estados Unidos e da União Européia.

Em Davos

A preocupação com a miséria endêmica nos países africanos está em destaque no Fórum Econômico Mundial desde ontem (26/1), quando o primeiro-ministro britânico falou da necessidade de as nações de outros continentes unirem-se para duplicar a ajuda à África e perdoar a dívida externa de todos países. "A realidade é que as metas do milênio não poderão ser cumpridas se não ajudarmos os países africanos", disse Blair.

Também ontem o presidente da França, Jacques Chirac, propôs a criação de um tributo voluntário como parte dos esforços de aumentar a ajuda financeira para combater a pobreza. Em seu discurso, Chirac ainda citou o Brasil em algumas ocasiões, como quando relatou a necessidade de aumentar para 10 bilhões de dólares o investimento anual no combate à Aids. "Exemplos como o do Brasil e do Senegal mostram que é economicamente viável e eficiente, em termos de saúde pública, tornar universal e gratuito o tratamento contra a epidemia."

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