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Forças iraquianas lançam batalha para recuperar oeste de Mossul

Cercado no seu último grande reduto no Iraque, o EI opõe desde 17 de outubro uma feroz resistência para defender Mossul

EI: os extremistas podem não ter recursos suficientes para defender o oeste de Mossul de forma eficaz (Muhammad Hamed/Reuters)

EI: os extremistas podem não ter recursos suficientes para defender o oeste de Mossul de forma eficaz (Muhammad Hamed/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 10h48.

As forças iraquianas lançaram neste domingo a ofensiva para libertar o oeste de Mossul, uma batalha que se anuncia difícil para expulsar os extremistas do grupo Estado Islâmico de seu último reduto no Iraque.

Milhares de homens estão mobilizados nestas operações, que começaram no início da manhã com a tomada de duas localidades próximas ao aeroporto situado no sul da segunda cidade do país.

Perto da linha de frente era possível ouvir intensos bombardeios aéreos e terrestres, constatou uma jornalista da AFP.

O primeiro-ministro, Haider al Abadi, anunciou o lançamento da ofensiva: "Nínive, viemos para libertar a parte oeste de Mossul", afirmou em um breve discurso televisionado, referindo-se à província de Nínive, cuja capital é Mossul.

"Nossas forças começaram a libertar os cidadãos do terror do Daesh", acrescentou, utilizando o acrônimo árabe do EI.

O anúncio foi feito quatro meses após o lançamento, no dia 17 de outubro, de uma grande ofensiva para retomar Mossul.

Depois de semanas de duros combates, em janeiro conseguiram controlar a parte leste da cidade.

Cercado no seu último grande reduto no Iraque, o EI opõe desde 17 de outubro uma feroz resistência para defender Mossul, onde seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, havia proclamado um califado em junho de 2014.

'Casa por casa'

Depois de ter conseguido controlar os arredores de Mossul, as forças de elite iraquianas - as unidades do serviço antiterrorista - precisaram de mais de dois meses para reconquistar, no final de janeiro, a parte leste de Mosul.

A parte ocidental é menor que a oriental, mas está mais densamente povoada e é nesta área onde se encontram alguns dos redutos dos extremistas.

Segundo a ONG Save the Children, cerca de 350.000 crianças se encontram na parte oeste da cidade.

"São necessários corredores de evacuação seguros para os civis o mais rápido possível", insistiu Maurizio Crivallero, diretor no Iraque da ONG.

Cerca de 350.000 menores "estão presos na parte oeste de Mossul e as consequências dos bombardeios (...) nestas ruas estreitas e densamente povoadas podem ser ainda mais mortíferas que tudo o que viemos até agora no conflito", acrescentou.

As ruelas da cidade velha da cidade dificultarão muito a passagem dos veículos militares, o que retardará o avanço das forças federais, alertaram os analistas.

A batalha pelo oeste de Mossul "pode ser mais difícil, com combates casa por casa, mais sangrentos e em maior escala", adverte Patrick Skinner, do Soufan Group Intelligence Consultancy.

Além disso, os extremistas podem se beneficiar de um maior apoio das pessoas da zona oeste, principalmente sunitas, do que na parte leste, estimam os analistas.

"A resistência do EI pode ser maior nesta área e será mais difícil, mas é mais essencial", afirma Emily Anagnostos, do Institute for the Study of War.

Em um primeiro momento, a polícia federal e as tropas do ministério do Interior iniciarão esta nova fase da ofensiva avançando rumo ao aeroporto de Mossul, localizado na periferia sul da cidade, a oeste do Tigre, o rio que atravessa a cidade.

Desgaste

As forças federais sofrem um desgaste significativo, mas a situação do EI é ainda pior. Os extremistas podem não ter recursos suficientes para defender o oeste de Mossul de forma eficaz.

No entanto, mesmo nas áreas reconquistadas, o EI continua atacando, o que reflete a dificuldade das forças iraquianas de garantir que os extremistas não estão camuflados entre a população civil.

A coalizão internacional liderada por Washington celebrou neste domingo a retomada da ofensiva, "uma batalha difícil para qualquer exército" e para a qual "as forças iraquianas estão à altura do desafio", declarou o comandante americano Stephen Townsend.

O responsável elogiou o envolvimento de "bravos soldados" e "policiais" iraquianos, mas também das "milícias", embora algumas destas últimas estejam diretamente ligadas ao Irã.

A conquista de Mossul significaria o fim da presença no Iraque de EI como força implantada no território e seria um sério revés para o "califado".

O primeiro-ministro iraquiano afirmou no final de dezembro que seriam necessários três meses para expulsar o EI do país.

Na vizinha Síria, o EI defende com unhas e dentes o seu reduto de Raqa, assim como a cidade vizinha de Al Bab, perto da fronteira turca.

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