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Forças democráticas perdem apoio nas eleições de Hong Kong

As formações pró-Pequim conseguiram 43 das 70 cadeiras disponíveis, enquanto o movimento democrático, liderado pelos partidos Democrático e Cívico, conquistou 27 vagas


	Hong Kong: Desde sua volta à soberania chinesa, Hong Kong é regida pelo status de região administrativa especial e tem ampla autonomia
 (Victor Fraile/corbis/LatinStock/Divulgação)

Hong Kong: Desde sua volta à soberania chinesa, Hong Kong é regida pelo status de região administrativa especial e tem ampla autonomia (Victor Fraile/corbis/LatinStock/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2012 às 09h59.

Hong Kong - Os partidos democráticos de Hong Kong perderam força e os grupos que apoiam o governo da China mantiveram sua liderança após o final da apuração dos votos nas eleições legislativas de domingo na região administrativa.

As formações pró-Pequim conseguiram 43 das 70 cadeiras disponíveis, enquanto o movimento democrático, liderado pelos partidos Democrático e Cívico, conquistou 27 vagas, o que ainda mantém o direito de veto no Conselho Legislativo (Parlamento), fator fundamental para a tomada de decisões como reformas constitucionais e a aprovação de orçamentos.

Esta quantidade de votos (um terço) permite aos partidos pró-democracia continuarem a pressionar a China a cumprir com sua promessa de instaurar o sufrágio universal direto em 2017 para a chefia do governo e em 2020 para o Parlamento.

Dentro do movimento democrático, os mais beneficiados foram os pequenos partidos mais radicais, enquanto as grandes forças perderam força.

O líder do Partido Democrático, Albert Ho, que foi candidato a chefe de governo nas eleições de julho, apresentou hoje sua renúncia imediatamente depois de seu grupo perder duas de suas cadeiras escolhidas diretamente pelo eleitorado.

As eleições chegaram em um momento difícil para o governo de Hong Kong, no poder há dois meses: um dia antes da votação, o chefe do Executivo, Chun-Ying Leung, cedia diante das grandes manifestações populares de protesto e renunciava a seu polêmico projeto de impor aulas obrigatórias de patriotismo nas escolas.

Os críticos deste projeto consideravam que a medida era um doutrinamento em favor do governo comunista chinês. Apesar disso, a Aliança Democrática para a Melhora e o Progresso de Hong Kong (DAB, por sua sigla em inglês), pró-governo chinês, alcançou o maior número de votos de todos os partidos e se mantém como a força política com mais representação no Parlamento (treze cadeiras), seguida pelo Partido Cívico.


Ao todo, 3,5 milhões de eleitores foram convocados para votar, dos quais 1,8 milhão participaram da votação, número 8% maior do que nas eleições de 2008, segundo dados do governo de Hong Kong.

As eleições ocorreram três meses depois de Hong Kong eleger seu governo, o quarto desde o fim do domínio britânico, em uma votação que contou com a participação de 1.200 eleitores, a maior parte ligada ao governo central de Pequim.

A eleição deste domingo é a quinta desde a volta do enclave à soberania chinesa, e foi a primeira na qual o eleitorado de Hong Kong tinha mais poder para escolher os membros de seu Parlamento.

Nas eleições de 2008, a câmara legislativa contava com 60 membros, dos quais apenas metade foi escolhida diretamente pelos cidadãos.

Após uma reforma constitucional, em 2010, a câmara legislativa de Hong Kong aumentou seu número de representantes para 70. O eleitorado elege diretamente 40 vagas, divididas por cinco circunscrições geográficas.

As 30 cadeiras restantes são escolhidas por meio de 28 distritos eleitorais funcionais, compostos por grupos com interesses profissionais específicos, como educação, medicina e conglomerados empresariais de setores como financeiro, imobiliário e comercial.

As principais funções do Conselho Legislativo de Hong Kong são de promulgar, modificar ou derrubar leis, aprovar orçamentos, impostos e o gasto público e supervisionar o trabalho do governo.

O Parlamento também tem poder para destituir o chefe do Executivo em caso de alguma infração grave ou negligência no cumprimento de seu dever.

Desde sua volta à soberania chinesa, Hong Kong é regida pelo status de região administrativa especial e tem ampla autonomia em virtude do modelo conhecido como "um país, dois sistemas". 

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