Recep Tayyp Erdogan: Erdogan afirmou que uma nova tentativa de golpe era possível, mas não seria fácil, dizendo que o governo “está mais vigilante” (Ilmars Znotins/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2016 às 22h07.
Ancara - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse nesta quinta-feira à Reuters que ocorreram falhas significativas de inteligência antes da tentativa de golpe militar na sexta-feira, e que as Forças Armadas serão rapidamente restruturadas.
Na sua primeira entrevista desde declarar estado de emergência depois do golpe frustrado, Erdogan afirmou que uma nova tentativa de golpe era possível, mas não seria fácil, dizendo que o governo “está mais vigilante”.
"Está muito claro que houve falhas e deficiências significativas na nossa inteligência. Não há sentido tentar esconder ou negar isso. Eu falei isso para o chefe da inteligência nacional”, declarou Erdogan à Reuters em seu palácio em Ancara, que foi um dos alvos durante a tentativa de golpe.
Ele disse que não havia obstáculo para estender o estado de emergência para além dos três meses iniciais, se isso for necessário.
Erdogan afirmou que o movimento do clérigo Fethullah Gulen, que mora nos Estados Unidos, a quem o presidente acusa de planejar a tentativa de tomada do poder, seria tratado como “uma outra organização separatista terrorista”, traçando um paralelo com a luta do governo contra os militantes curdos nas últimas três décadas.
"Vamos continuar a lutar onde eles estiverem. Essas pessoas infiltraram-se na organização do Estado neste país, e eles se rebelaram contra o Estado”, declarou ele, chamando as ações de sexta de “desumanas” e “imorais”.
Ele afirmou que o número de mortos aumentou para 246 pessoas, excluindo os conspiradores do golpe, e que 2.185 estavam feridas.
Soldados usaram jatos, helicópteros militares e tanques para atacar as instituições, incluindo o Parlamento, a agência de inteligência e o palácio de Erdogan, na sexta-feira, em Istambul e Ancara.