Boko Haram: levante, que já dura cinco anos, deixou 10 mil mortos somente no ano passado (Ho/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 17h41.
Maiduguri - Um avião de guerra e tropas do Chade expulsaram combatentes do Boko Haram de uma cidade nigeriana que faz fronteira com o país, informaram testemunhas nesta sexta-feira.
A ofensiva, realizada na quinta-feira, marca a primeira ação de tropas estrangeiras em solo nigeriano no combate aos extremistas islâmicos.
A presidente da Comissão Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, pediu o envio de 7.500 soldados africanos para o combate aos extremistas islâmicos.
O pedido foi feito durante uma cúpula da União Africana na Etiópia.
A secretária de Estado assistente norte-americana Linda Thomas-Greenfield disse aos jornalistas que seu país vai colaborar na luta contra o Boko Haram.
"Estamos preparados para fornecer apoio técnico, treinamento e equipamentos para combater o grupo Boko Haram. As atividades do grupo na região claramente afetaram nossa atenção para os acontecimentos na África", declarou ela.
Abari Modu disse que testemunhou a ofensiva chadiana na vila de Malumfatori, que fica no Estado de Borno.
"Vimos o jato quando ele começou a bombardear os insurgentes, que estavam alojados principalmente no interior da secretaria do governo local e no palácio do chefe distrital", disse ele à Associated Press.
Segundo ele, os corpos de muitos combatentes do Boko Haram ainda estavam na cidade na manhã desta sexta-feira. Modu falou pelo telefone após cruzar a fronteira de uma vila do Chade, onde buscou refúgio depois de o Boko Haram ter tomado Malumfatori, no final de outubro.
Ele disse que o jato perseguiu combatentes que fugiam para a fronteira e que o bombardeio foi realizado de forma coordenada com tropas chadianas em solo, o que deixou os combatentes sem possibilidade de fuga.
Um oficial militar nigeriano, que falou em condição de anonimato, confirmou o relato. Autoridades nigerianas ainda não haviam falado oficialmente sobre a ofensiva chadiana.
O levante do Boko Haram, que já dura cinco anos, deixou 10 mil mortos somente no ano passado, além de desalojar 1 milhão de pessoas.
A votação para decidir pelo envio de tropas será feira durante uma cúpula de dois dias de chefes de Estado da União Africana, iniciada nesta sexta-feira.
Chade, Níger, Nigéria e Benin disseram que integrarão a força conjunta.
Os soldados serão enviados por uma Força-tarefa Multinacional Conjunta e operar, inicialmente, durante 12 meses. A força também será encarregada de buscar e libertar todos os sequestrados pelo grupo, dentre eles as jovens estudantes levadas de Chibok, em abril de 2014.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), convidado para a cúpula da União Africana, disse que "a insurgência do Boko Haram representa uma clara ameaça à segurança nacional, regional e internacional.
Este grupo continua a matar cristãos e muçulmanos, a sequestrar mulheres e crianças e a destruir igrejas e mesquitas."
"Nunca nos esqueceremos das meninas sequestradas de Chibok em abril do ano passado e nunca deixaremos de pedir sua libertação imediata e incondicional", disse ele.
O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, disse na quinta-feira que tropas de seu país haviam recapturado várias vilas e a cidade de Michika, no Estado de Adamawa.
Não foi possível confirmar a afirmação, uma rara vitória para os desmoralizados e mal equipados soldados nigerianos.
Jonathan, candidato a ocupar o cargo novamente na eleição de 14 de fevereiro, disse durante um comício na quinta-feira, em Yola, capital de Adamawa, que " o governo local de Michika foi recapturado hoje por nossas valentes forças".
Pessoas que fugiam da região, entrentanto, contestaram as declarações do presidente, afirmando que o grupo ainda pode estar presente em Michika e em outras cidades do entorno.
Ele afirmou também que "em breve, recuperaremos todos os nossos territórios...todos nós nos sentimos sobrecarregados, eu também me sinto sobrecarregado pelos excessos do Boko Haram".
O deputado estadual por Adamawa, Adamu Kamale, reclamou na quarta-feira que fez diversos apelos para o envio de tropas para combater os insurgentes desde 23 de janeiro.
Fonte: Associated Press.