Mundo

Grupo sírio descarta cessar-fogo durante conferência

Declaração do comandante do Exército Sírio Livre mostra o quão difícil será para mediadores colocar os lados do conflito numa mesa de negociação

Combatentes do Exército Sírio Livre descansam em uma refúgio no subúrbio sul de Alepo (Malek Al Shemali/Reuters)

Combatentes do Exército Sírio Livre descansam em uma refúgio no subúrbio sul de Alepo (Malek Al Shemali/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 16h45.

Beirute - O comandante da força rebelde Exército Sírio Livre disse nesta terça-feira que seu grupo não participará de uma conferência de paz planejada para a Suíça em janeiro e continuará lutando, sem cessar-fogo, para derrubar o presidente Bashar al-Assad.

A declaração do general Salim Idriss mostra o quão difícil será para os mediadores internacionais colocar os lados do conflito sírio numa mesa de negociação.

A conferência "Genebra 2" se reunirá em 22 de janeiro, disse a Organização das Nações Unidas na segunda-feira. O objetivo é conseguir um acordo para um governo transitório e terminar com o conflito de dois anos e meio que já matou mais de 100 mil pessoas e deixou milhões de desabrigados.

"As condições não são propícias para realizar a Genebra 2 na data anunciada, e nós, como uma força militar revolucionária, não participaremos da conferência", declarou Idriss.

"Não vamos parar os combates durante a conferência ou depois dela. A nossa preocupação é conseguir as armas necessárias para nossos combatentes", afirmou ele à rede de TV Al Jazeera.

O anúncio sobre a conferência não amenizou a violência na Síria. Um homem-bomba matou 15 pessoas e feriu mais de 30 num terminal de ônibus no oeste de Damasco, segundo a imprensa estatal.

Nos arredores de Damasco e na cidade de Alepo, combates intensos já duram dias. Os rebeldes relatam pequenos avanços depois de meses em que as forças do governo têm levado a melhor.


Em Damasco, nos subúrbios controlados por rebeldes, ativistas disseram que as forças de oposição avançam de forma lenta na região do aeroporto internacional, sob forte resistência das tropas oficiais, que contam com o apoio de combatentes xiitas do Hezbollah.

Militantes sunitas estrangeiros, muitos ligados à al Qaeda, combatem junto com os rebeldes. No leste da capital, rebeldes lutam para romper um bloqueio que há seis meses limita a entrada de comida, suprimentos e armas para a região.

Oposição Dividida

Assad, fortalecido por recentes sucessos militares, disse que vai enviar representantes a Genebra, mas que não vai aceitar precondições e que qualquer acordo terá que ser aprovado por um referendo. A oposição diz que uma votação como essa seria manipulada em favor do governo.

A oposição está dividida em relação à Genebra 2. A Coalizão Nacional Síria, que tem o apoio do Ocidente, anunciou estar pronta para participar das negociações, mas sob certas condições, apesar da resistência de combatentes e ativistas dentro da Síria.

O Exército Sírio Livre, que também tem o apoio ocidental, reúne várias unidades rebeldes, mas fontes da oposição e analistas dizem que ele perdeu influência para grupos islâmicos, que promovem alianças entre as forças rebeldes mais poderosas.

Nenhum dos dois lados do confronto sírio conseguiu até agora supremacia militar, o que dá aos mediadores a chance de defender um acordo.

O envolvimento de países vizinhos no conflito pode prolongar a violência. O xiita Irã dá apoio a Assad. A sunita Arábia Saudita defende os opositores.

Não está claro se o Irã, que fez um acordo provisório sobre o seu programa nuclear com potências mundiais neste domingo, compareceria às negociações sobre a Síria. O governo do país disse que, se convidado, participará e trabalhará para uma solução pacífica.

Acompanhe tudo sobre:Bashar al-AssadPolíticosPrimavera árabeSíria

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA