Véu islâmico: "Os defensores do véu e do burquíni têm muitos países no mundo para defendê-los, não na França" (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2016 às 11h25.
Paris - O "número dois" do partido de extrema direita Frente Nacional (FN), Florian Philippot, disse nesta sexta-feira que seu partido irá vetar o uso do véu islâmico e outros símbolos religiosos "ostentosos" em todos os espaços públicos, inclusive na rua, caso assuma o poder.
Em meio à polêmica que dominou o debate na França no último mês pela proibição de algumas cidades do uso do burquíni nas praias, Philippot indicou em entrevista à "RMC" e "BFM TV" que sua proposta é expandir a lei de 2004 que já restringe o uso do véu islâmico nas escolas e em repartições públicas.
"Vamos ampliar a lei de 2004 para levar a proibição ao conjunto do espaço público", disse ele, detalhando que a medida afetaria o véu islâmico, crucifixo e quipá.
Perguntado sobre se isso significaria, por exemplo, a proibição de procissões religiosas, ele respondeu que não, porque ficariam de fora da regra as equipes religiosas e as "manifestações tradicionais".
Philippot lembrou que seu partido já tinha feito essa proposta durante às eleições presidenciais de 2012 e justificou a medida alegando que "hoje existe uma exibição político-religiosa de pessoas que querem provocar à sociedade francesa".
"Os defensores do véu e do burquíni têm muitos países no mundo para defendê-los, não na França", declarou.
Para ele, o burquíni "é um uniforme político-religioso" que pretende "apagar à mulher do espaço público".
Aproximadamente, 30 municípios, em particular na Côte D'Azur, proibiram o burquíni em suas praias nas últimas semanas, a imensa maioria governada pelo partido conservador "Os Republicanos" do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.
De acordo com a "BFM TV", até o momento, 24 multas foram aplicas entre Nice e seis em Cannes pelo uso da peça.
Hoje à tarde, o Conselho de Estado vai opinar sobre o recurso interposto pelo Coletivo Contra a Islamofobia na França. A decisão pode abrir uma nova página na polêmica sobre o burquíni.