Logo do FMI, na sede da entidade, em Washington (Jim Watson/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de abril de 2025 às 10h26.
Última atualização em 22 de abril de 2025 às 11h08.
As tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump levarão a economia global a crescer menos, aponta o Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório divulgado nesta terça-feira, 22. O impacto será maior especialmente para os Estados Unidos.
A maior economia do mundo teve a previsão de crescimento deste ano rebaixada de 2,7% para 1,8%. A estimativa anterior havia sido divulgada em janeiro, antes do início do governo Trump. Já a perspectiva para a economia global em 2025 foi reduzida de 3,3% para 2,8%. A da China baixou de 4,6% para 4%.
Para o Brasil, o fundo aponta que o pais crescerá 2%. A última previsão, em janeiro, apontava alta de 2,2%.
"Esperamos que o forte aumento nas tarifas e na incerteza leve a uma desaceleração significativa do crescimento global no curto prazo", diz Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI no relatório.
"As tarifas representam um choque negativo de oferta para a economia, uma vez que os recursos são realocados para a produção de bens não competitivos, resultando em perda de produtividade agregada, menor atividade econômica e maiores custos e preços de produção", afirma Gourinchas. "Além disso, no médio prazo, ao reduzir a concorrência, as tarifas aumentam o poder de mercado dos produtores domésticos e diminuem os incentivos à inovação."
O FMI aponta ainda que os efeitos das tarifas são ampliados pela existência das complexas cadeias globais de suprimentos. "A maioria dos bens comercializados são insumos intermediários que atravessam diversos países várias vezes antes de serem transformados em produtos finais. As disrupções setoriais podem se propagar como vimos durante a pandemia. Antecipando tais disrupções, também revisamos para baixo nossa projeção de crescimento do comércio global em 1,5 ponto percentual neste ano, com uma leve recuperação prevista para 2026", apnta o fundo.
O relatório aponta ainda que a incerteza em torno da política comercial também é um fator importante que deprime nossas perspectivas. "Diante da crescente incerteza sobre o acesso aos mercados—tanto os próprios quanto os de seus fornecedores e clientes—, a reação inicial de muitas empresas será pausar, reduzir investimentos e cortar compras. Da mesma forma, as instituições financeiras reavaliarão sua oferta de crédito às empresas até que possam avaliar a exposição destas ao novo ambiente", afirma. Um reflexo disso, segundo o fundo, é a atual queda no preço do petróleo.
O fundo recomenda que os países consigam retomar um sistema de comércio global funcional e previsível, que sejam tomadas ações para eliminar barreiras e pontos de conflito entre os países.
PIB global
2025 - 2,8
2026 - 3
Brasil
2025 - 2
2026 - 2
Estados Unidos
2025 - 1,8
2026 - 1.7
China
2025 - 4
2026 - 4
Zona do Euro
2025 - 0,8
2026 - 1,2
Japão
2025 - 0,6%
2026 - 0,6%
Reino Unido
2025 - 1,1%
2026 - 1,4%
México
2025 - -0,3%
2026 - 1,4%
Índia
2025 - 6,2%
2026 - 6,3%