Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, apoia que o FMI tenha um papel maior na supervisão das taxas de câmbio, acúmulo de reservas e fluxo de capitais (Mark Wilson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2011 às 18h00.
São Paulo - O controle de capitais deve continuar em aberto para debates pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que deve se aprofundar no tema, informa o Comitê Monetário e Financeiro Internacional da instituição, em comunicado divulgado neste sábado. "O FMI deve aprofundar sua análise sobre a liquidez global, as várias experiências de países membros no gerenciamento da conta capital liberalização de fluxos além das fronteiras e o desenvolvimento de mercados financeiros domésticos", diz o texto.
O assunto foi um dos mais discutidos durante os encontros de primavera do FMI e Banco Mundial (Bird), que começaram ontem e terminam oficialmente amanhã, em Washington. Se, por um lado, existe um consenso entre os países de que foi um avanço o FMI passar a endossar o uso de controles de capitais por países que enfrentam problemas de forte influxo de recursos, depois de tratar o assunto como tabu durante 70 anos, por outro, há divergências quando se fala de adotar um código de conduta para a utilização desse instrumento.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é contra regras para o uso de controles de capitais e deixou claro que continuará adotando as medidas necessárias para inibir o fluxo excessivo para o País. "Consideramos algumas propostas recentes sobre um possível esquema de política sobre gestão de fluxo de capital desnecessárias e carentes de imparcialidade", disse em discurso nesta manhã no FMI.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ainda que não considere o controle de capitais uma medida eficaz apoia que o FMI tenha um papel maior na supervisão das taxas de câmbio, acúmulo de reservas e fluxo de capitais. "Concordamos com a articulação de uma hierarquia de medidas para serem empregadas em caso de influxos antes da adoção de controles de capitais como último, temporário e ineficiente recurso", afirmou Geithner.
Os EUA são apontados pelo governo brasileiro como o principal culpado pela inundação de dólares em algumas economias emergentes por causa de sua política monetária extremamente frouxa, com juro perto de zero, e do programa de alívio quantitativo e (QE2, em inglês), que prevê a compra de US$ 600 bilhões em títulos da dívida americana de longo prazo por oito meses, encerrando no final deste semestre.
A próxima reunião do comitê será no dia 24 de setembro, em Washington, durante os encontros de outono do FMI.