Mundo

FMI pede política de recuperação nos EUA

''É necessária uma ação política contínua para impulsionar a recuperação'', declarou a diretora-gerente do FMI

Christine Lagarde: ''Percebemos que as autoridades americanas têm uma margem de ação limitada'' (Oli Scarff/Getty Images)

Christine Lagarde: ''Percebemos que as autoridades americanas têm uma margem de ação limitada'' (Oli Scarff/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2012 às 20h24.

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta terça-feira aos Estados Unidos que ajam para ''impulsionar a recuperação'' diante dos riscos que representam as tensões financeiras na zona do euro e a ameaça do agudo ajuste fiscal planejado para começos de 2013.

''É necessária uma ação política contínua para impulsionar a recuperação'', declarou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em entrevista coletiva. ''Percebemos que as autoridades americanas têm uma margem de ação limitada, mas deveriam utilizá-la para apoiar o crescimento no curto prazo''.

A entrevista coletiva de Lagarde foi realizada por ocasião da apresentação do relatório anual do FMI sobre a economia americana, documento que prevê a continuidade da tendência ''tímida'' do crescimento nos EUA ao longo dos próximos dois anos.

O Fundo rebaixou levemente suas últimas previsões econômicas para os EUA, publicadas em abril, de 2,1% para 2% em 2012 e de 2,4% para 2,3% em 2013. No ano passado, a economia americana cresceu a um ritmo anual de 3%.

No âmbito doméstico, o FMI advertiu os Estados Unidos para que ''alcance um acordo sobre a política fiscal a curto prazo e evite assim um severo ajuste que poderia ameaçar a recuperação''.

Se os legisladores americanos não pactuarem um ritmo sustentado de consolidação fiscal, ocorrerá em 2013 o chamado ''precipício fiscal'' pelo vencimento da prorrogação das isenções fiscais para a maioria dos americanos e a aplicação de agudos cortes de gastos públicos para reduzir o déficit fiscal.


Este ''precipício fiscal'', tal como está pautado atualmente, representaria um corte fiscal de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), algo que, segundo os cálculos do Fundo, poderia reduzir a taxa de crescimento anual da economia americana abaixo de 1% anual para 2013.

Por isso, Lagarde recomendou que este processo de consolidação fiscal seja ''sensato, e não excessivo'', e sugeriu uma redução do déficit para 2013 em torno de 1% do PIB.

A diretora-gerente do FMI também alertou sobre os riscos procedentes da Europa e sua ''vulnerabilidade ao contágio'' de uma hipotética intensificação da crise da dívida na zona do euro.

''Uma menor demanda na zona do euro reduziria as exportações americanas, enquanto a apreciação do dólar em consequência de fluxos em direção a refúgios seguros danificariam de maneira mais geral as exportações americanas'', explica o relatório divulgado nesta terça-feira.

Neste sentido, Lagarde avaliou positivamente a última decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que maneja a política monetária e que ampliou seu programa de troca de bônus para manter baixas as taxas de juros de referência a longo prazo.

A diretora do FMI reconheceu que a política monetária expansiva do Fed é ''apropriada'', com taxas de juros entre 0% e 0,25% desde dezembro de 2008, mas lembrou que a entidade deve considerar ''medidas adicionais caso a situação se deteriore''.

O organismo internacional, com sede em Washington, quase não prevê uma variação da taxa de desemprego nos EUA, uma das principais preocupações dos cidadãos. De acordo com o relatório, o desemprego no país fechará 2012 nos 8,2% atuais e cairá apenas três décimos até o final de 2013, encerrando aos 7,9%.

Por último, o documento destaca a importância de executar ''o mais rápido possível'' a reforma do sistema financeiro nos Estados Unidos e aplicar o marco regulador de vigilância de riscos, conhecida como ''Lei Dodd-Frank''. 

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrises em empresasEstados Unidos (EUA)FMIPaíses ricos

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua