Queimadas desmatam uma floresta na Indonésia: sistema promete ampliar de forma significativa a possibilidade de monitorar áreas vulneráveis a desmatamento (Dimas Ardian/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2014 às 16h28.
São Paulo - Um novo sistema online de monitoramento tornará possível checar rapidamente a condição de florestas em todo o mundo, em lugares que anteriormente não dispunham de fiscalização, potencialmente elevando a pressão sobre governos para reduzir o desmatamento.
O norte-americano World Resources Institute (WRI) abriu para acesso público na quinta-feira a nova ferramenta, chamada Global Forest Watch, que foi desenvolvida em uma parceria com mais de 40 instituições, com a ajuda de técnicos do Google.
O sistema promete ampliar de forma significativa a possibilidade de monitorar áreas vulneráveis a desmatamento, como o Sudeste Asiático, a África e a Amazônia.
"Pela primeira vez nós unimos em um só lugar poderosos dados de satélite analisados de uma forma que seja fácil de entender", disse Nigel Sizer, diretor do WRI.
O sistema usa dados de alta resolução retirados de meio bilhão de imagens de satélites tipo Landsat para medir variações na cobertura vegetal da Terra.
Ele também conta com um sistema de alerta mensal de desmatamento.
"Com exceção do Brasil, nenhum país com floresta tropical conseguiu até agora montar um sistema de informação sobre o estado de suas florestas", disse Rebecca Moore, gerente de engenharia do Google Earth Outreach e Earth Engine.
"Agora será possível ter atualizações quase em tempo real do estado das florestas mundiais, abertas para qualquer um ver", afirma.
Rebecca disse que a experiência do Brasil no monitoramento da Amazônia foi importante no processo de construção do novo sistema.
Também foi fundamental a abertura do arquivo de imagens Landsat feita pelo USGS, o serviço geológico dos EUA.
Commodities
O WRI acredita que o novo site eleve a pressão sobre fornecedores de commodities em países onde florestas estão sob risco, para que garantam que a produção não está ocorrendo em áreas ilegalmente desmatadas.
A gigante de alimentos suíça Nestlé afirmou que o programa deverá contribuir para um melhor controle sobre a origem de produtos como carnes, soja e óleo de palma.
"Essa ferramenta vai nos ajudar dramaticamente a refinar nosso trabalho no campo, em lugares onde acreditamos que possam ocorrer problemas relacionados a desmatamento", disse Duncan Pollard, vice-presidente associado para Sustentabilidade da Nestlé.
O Global Forest Watch vai indexar informações importantes nas imagens, para ampliar a utilidade da ferramenta.
Por exemplo, será possível checar qual produtora de óleo de palma opera em uma área específica na Indonésia onde as imagens indicaram destruição recente de florestas.
Isso poderia levar grandes empresas de alimentos a cancelarem compras da companhia ligada ao caso de desmatamento, disse Sizer.
Carlos Souza, pesquisador do Imazon, um centro de pesquisa amazônica que participa da iniciativa do WRI, disse que projetos para redução de emissões por desmatamento (REDD) poderão ser beneficiados pelo programa.
"Investidores podem se sentir mais confortáveis para participar desses projetos se eles puderem verificar facilmente as eventuais perdas na cobertura florestal", afirmou.
O projeto do WRI foi financiado, em grande parte, pelos governos da Noruegua, Estados Unidos e Reino Unido.
Foram investidos aproximadamente 25 milhões de dólares para colocar o programa em funcionamento.