Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente: “as forças, as causas, são as mesmas, mas observamos que houve uma redução da dinâmica do desmatamento" (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2011 às 14h00.
Brasília - A redução no ritmo de desmatamento do Cerrado pode ser atribuída ao aperfeiçoamento da fiscalização ambiental, que tem utilizado dados de monitoramento e estratégias de inteligência, de acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Dados divulgados hoje (13) mostram que a derrubada no Cerrado caiu de 7,6 mil quilômetros quadrados (km²) entre 2008 e 2009 para 6,4 mil km² entre 2009 e 2010. A taxa de perda anual caiu de 0,37% para 0,32% da área do total do bioma.
“A fiscalização está mais sofisticada, utilizando dados do monitoramento, que permitem um planejamento dirigido para os municípios que mais desmatam, e com o uso da inteligência, em parceria com as instituições da Comissão Interministerial no Combate aos Crimes e Infrações Ambientais”, avaliou.
De janeiro a agosto desse ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou 517 autos de infração e mais de R$142 milhões em multas a 140 municípios do bioma.
O desmatamento no Cerrado, que já perdeu 48,5% da vegetação original, está ligado principalmente à atividade agropecuária e à produção de carvão a partir de madeira nativa. “As forças, as causas, são as mesmas, mas observamos que houve uma redução da dinâmica do desmatamento, agora vamos detalhar com estados e trabalhar em campo para avaliar as causas econômicas e sociais dessa mudança”, disse a ministra.
Segundo Izabella, parte do desmatamento pode ter sido autorizada pelos órgãos ambientais estaduais, que têm prerrogativa para liberar derrubadas dentro da lei. “Não temos controle da supressão de vegetação autorizada pelos estados, estamos verificando o quanto disso foi autorizado e o quanto está ligado ao desmatamento ilegal.”
Com a taxa anual de 7,6 mil km² divulgada hoje, o Brasil atinge a meta de redução do desmatamento do Cerrado em 40%, que estava prevista para 2020 no Plano Nacional sobre Mudança do Clima. A meta tinha como linha de base a derrubada anual de 15 mil km², e foi estabelecida com base na média de desmate entre 1995 e 2008, quando o monitoramento do bioma era menos preciso.
A partir dos novos dados, a meta de redução do desmatamento no Cerrado poderá ser revista, segundo o secretário de Biodiversidade e Florestas, Bráulio Dias. “A meta foi definida em 2009, usando o melhor dado disponível até então. Hoje já temos informação melhor. Dados mais recentes de queda são a posteriores ao ano em que o Brasil firmou o compromisso. À luz de informações melhores, ela poderá ser revista. O decreto que regulamentou o plano nacional prevê a atualização e a revisão de metas.”