Manifestantes em Burkina Faso: um civil presidirá o país por um ano até a realização das eleições (Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2014 às 13h06.
O fim do regime militar em Burkina Faso, na África, se aproxima com as negociações finais neste domingo para escolher o chefe da transição, um civil que presidirá o país por um ano até a realização das eleições.
Esta decisão crucial deve ser feita "o mais tardar na segunda-feira", declarou à AFP um soldado. "Teremos o nome do presidente interino neste domingo à noite", garantiu, por sua vez, Zéphirin Diabré, líder da oposição.
Um colégio formado por personalidades civis e militares, reuniu-se pela primeira vez neste domingo de manhã em Ouaga 2000, um distrito rico de Ouagadougou, perto da sede da presidência.
Alguns de seus membros devem permanecer no local durante todo o dia para se reunir com os candidatos antes de uma sessão de trabalho programada para às 18h00 (16h00 de Brasília).
O objetivo é chegar a uma decisão rapidamente. O exército, que tomou o poder em 31 de outubro após a derrubada do presidente Blaise Compaoré, depois de 27 anos de governo, deve devolver o poder aos civis.
A União Africana (UA) emitiu um ultimato em 3 de novembro, exortando a nomeação de instituições de transição no prazo de duas semanas.
A Carta de Transição, uma espécie de Constituição provisória, será assinada oficialmente na tarde deste domingo. A cerimônia, marcada para sábado, foi adiada para o dia seguinte por razões técnicas.
O restabelecimento anunciado no sábado pelo coronel Isaac Zida da Constituição também deve permitir a validação rápida da carta pelo Conselho Constitucional, restando apenas a nomeação do presidente interino.
Enquanto as várias partes envolvidas nas negociações têm até meio-dia para entregar as suas listas de candidatos, não se sabe se as autoridades religiosas e tradicionais manifestaram a sua escolha.
O exército, a oposição e a sociedade civil já apresentaram seus favoritos.
Um quinto nome completa a lista de personalidades: Michel Kafando, embaixador do Alto Volta (o antigo nome do país) e do Burkina Faso para as Nações Unidas, respectivamente em 1981-1982 e 1998-2011, foi escolhido pelo exército.
O diplomata emérito é um dos candidatos dos militares ao lado de Josephine Ouedraogo, ex-ministro de Thomas Sankara (1984-1987) e do arcebispo de Bobo-Dioulasso (sul), Paul Ouedraogo.
O sacerdote parece ser o nome mais bem aceito por todas as partes, apesar da relutância da hierarquia católica.
No entanto, o presidente da Comissão Episcopal Burkina-Níger já declarou publicamente que não seria um candidato. Mas a oposição e a sociedade civil esperam uma derrogação do Vaticano.
A oposição e a sociedade civil também apoiam os nomes de dois jornalistas para o cargo de chefe da transição.
Cherif Sy e Newton Ahmed Barry, respectivos diretores do "Bendre" e "L'événement", dois jornais muito crítico em relação ao antigo regime.