Pessoa passa por área destruída pelo tufão Haiyan, nas Filipinas: toque de recolher foi imposto na região para todos os residentes (Zander Casas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2013 às 07h45.
Tacloban - As autoridades filipinas declararam nesta segunda-feira o estado de emergência na cidade de Tacloban na ilha de Leyte, a cerca de 580 quilômetros de Manila, onde segundo cálculos do governo provincial podem ter morrido cerca de 10 mil pessoas.
O toque de recolher foi imposto na região para todos os residentes com o objetivo de refrear os saques e a proliferação de outros crimes depois que a cidade, capital provincial, ficasse "fora da lei" após a passagem do tufão Haiyan na sexta-feira passada.
"As pessoas iam a supermercados, lojas, farmácias... Basicamente levavam tudo que podiam, porque não havia nenhum tipo de lei nem ordem, e eles precisavam de comida e de água", comentou à Agência Efe Lynette Lim, cooperante da ONG Save the Children, que viveu o caos gerado na cidade com a chegada do tufão.
Veículos de imprensa locais reportaram os contínuos saques que bandos de sobreviventes fazem de maneira organizada com todos os produtos úteis que encontram em supermercados, de comida e água potável a lavadoras e televisões, e multidões desesperadas que atacaram um comboio da Cruz Vermelha com carga de ajuda humanitária.
O porta-voz de Defesa Civil, Reynaldo Balido, declarou que o restabelecimento da ordem em Tacloban e em outras áreas é uma das "maiores prioridades".
"Já enviamos um número substancial (de forças de segurança)... se for necessário serão enviadas ainda mais", disse Balido em uma entrevista ao canal de televisão local "ABS-CBN".
A Polícia Nacional das Filipinas informou que foram enviados 469 soldados de reforço, dos quais 169 fazem parte das Forças de Ação Especial das Filipinas, para garantir a paz e a ordem na região, reporta o canal "GMA".
O porta-voz do exército filipino, Ramón Zagala, também comentou que 100 soldados de apoio foram enviados à cidade devastada para ajudar a polícia, enquanto um destacamento de 4 mil soldados espera ordens em uma base da vizinha ilha de Samar, também severamente afetada pela passagem do tufão.
A falta de mantimentos de primeira necessidade tornou a situação na cidade insustentável, e milhares de pessoas buscam e imploram por um lugar nos helicópteros militares para deixar a cidade.
As equipes de resgate ainda não conseguiram se espalhar totalmente pela ilha, por isso muitas regiões ainda estão incomunicáveis, e não se sabe qual é sua situação.
Os números extra-oficiais e os informes de campo falam de dezenas de milhares de vítimas mortas na ilha de Leyte onde o Conselho para a Gestão e Redução de Desastres prossegue com a lenta apuração oficial de mortos.
O último relatório do organismo governamental filipino estabeleceu o número de mortos pelo tufão em todo o país em 255, com 71 feridos e 38 desaparecidos, e elevou o número de desabrigados para quase 9,7 milhões de pessoas e 615 mil deslocados, dos quais 433 mil estão em mais de 1.400 abrigos do governo.
Antes da chegada desse tufão às Filipinas, o vigésimo quarto do ano, os meteorologistas haviam advertido que poderia ter um efeito devastador, maior que o tufão Bopha, que em 2012 deixou cerca de mil de mortos.
O desmatamento, a proliferação de jazidas minerais ilegais, a escassez de infraestrutura e a favelização aumentam os efeitos devastadores das chuvas e os frequentes tufões que afetam as Filipinas durante a época das monções.
Após arrasar o centro das Filipinas, o "Haiyan" entrou de madrugada no norte do Vietnã, onde as autoridades evacuaram aproximadamente 600 mil pessoas, e se desloca para o sul da China onde espera-se que chegue nesta tarde enfraquecido, como tempestade tropical.