Cairo - Os filhos do presidente egípcio deposto Hosni Mubarak foram libertados da prisão nesta segunda-feira, informaram autoridades de segurança, uma medida que pode insuflar as tensões após o domingo, data do aniversário da revolta de 2011 que derrubou o autocrata.
Na semana passada, um tribunal do país ordenou a soltura de Alaa e Gamal Mubarak até o novo julgamento de um caso de corrupção.
Os irmãos, empresários que se aproveitaram da relação com o governo durante a era Mubarak, foram libertados às duas horas da manhã pelo horário local. Acompanhados de seu advogado e seus guarda-costas, eles foram levados à sua casa, na área nobre de Heliópolis, no Cairo, disseram as autoridades de segurança.
Funcionários de segurança e médicos relataram também terem visitado Mubarak no hospital militar onde ele permanece detido. Fontes judiciais disseram que o ex-mandatário pode ser libertado em breve enquanto espera o novo julgamento de um caso de corrupção, já que atualmente não há sentenças contra o ex-comandante da Força Aérea.
O presidente eleito, Abdel Fattah al-Sisi, o mais recente dos militares a assumir o comando do Egito, restaurou parte da estabilidade depois que a queda de Mubarak desencadeou quase quatro anos de tumulto político e econômico.
Mas os sinais de descontentamento, incluindo manifestações ocasionais no centro do Cairo, emergiram na véspera do aniversário do início da revolta, no domingo.
No sábado, a ativista Shaimaa Sabbagh foi morta a tiros durante um protesto no centro da capital. Em uma rara crítica a Sisi, um artigo de primeira página no jornal estatal Al-Ahram culpou “o uso excessivo da força” por sua morte e pediu mudanças em uma lei aprovada pelo governo que impõe severas restrições às manifestações.
“Quatro anos após a revolução do Egito, a polícia continua matando manifestantes com frequência”, disse Sarah Leah Whitson, diretora de Oriente Médio e África do Norte da instituição humanitária Human Rights Watch.
“Enquanto o presidente Sisi estava em Davos (para o Fórum Econômico Mundial) polindo sua imagem internacional, suas forças de segurança estavam usando rotineiramente a violência contra egípcios que participavam de passeatas pacíficas.” Pelo menos 25 pessoas foram mortas em protestos antigoverno no domingo, data comemorativa do levante de 2011 que despertou esperanças de mais liberdade e responsabilização no Egito, aliado próximo dos Estados Unidos com influência no mundo árabe.
Testemunhas afirmaram que forças de segurança portando rifles e policiais com pistolas dispararam contra os manifestantes. Alguns pediam uma nova revolta.
As autoridades de segurança declararam que 19 pessoas morreram em Matariya, subúrbio do Cairo e bastião da Irmandade Muçulmana, o movimento islâmico que o então-chefe do Exército Sisi retirou do poder em 2013 após protestos em massa contra o presidente Mohammed Morsi.
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1. Uma semana depois da queda de Mubarak
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1/6 (Chris Hondros/Getty Images)
São Paulo - Há uma semana chegava a notícia da renuncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Depois de 18 dias de manifestações, os gritos de protesto deram lugar ao choro de alegria nas ruas do Cairo. Mubarak deixou o Egito e uma junta militar tomou o poder para organizar a transição para a democracia. Além da vitória para os egípcios, a revolução no país deixou também um legado. Ela mesma começou como um eco da chamada Revolução de Jasmim, na Tunísia. Depois de um mês de manifestações, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, a população depôs o ditador Zine el Abidine Ben Ali. Egito e Tunísia - o primeiro, principalmente - são países que exercem grande influência sobre o mundo árabe e o Oriente Médio. Inspiradas por estes dois movimentos, as populações de cinco outros países se levantaram contra governos opressores e ineficientes. Nesta semana, uma série de protestos resultou em confrontos com a polícia, deixando mortos e inúmeros feridos. Em países como a Síria e a Argélia, alguns levantes foram registrados, mas ainda não chegaram às proporções dos demais. Saiba quais são estes países nas fotos ao lado.
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2. Iranianos se levantam contra Ahmadinejad
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2/6 (Atta Kenare/AFP)
São Paulo - Nesta semana, no Irã, o grupo de oposição Movimento Verde se levantou em manifestações contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Na terça-feira (15), ao menos duas pessoas morreram em um confronto entre a polícia e os manifestantes. O Movimento Verde tem incitado a oposição desde 2009, quando uma contestada votação elegeu Ahmadinejad para um segundo mandato. O grupo diz que as manifestações atuais têm inspiração nas revoluções que depuseram os presidentes do Egito e da Tunísia. Assim como os egípcios, os iranianos escolheram como palco dos protestos uma praça cujo nome significa "liberdade". No primeiro caso, a praça era a Tahrir. No Irã, os manifestantes foram à praça Azadi.
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3. Iraquianos exigem melhores serviços públicos
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3/6 (Wikimedia Commons)
São Paulo - O Iraque é mais um dos países do mundo árabe onde ecoam os gritos das revoluções no Egito e na Tunísia. Nos últimos dois dias, a população da cidade de Kut intensificou os protestos que já duram duas semanas. A população saiu às ruas para reivindicar melhores serviços públicos, e protestar contra a corrupção no país. Na quarta-feira (16), houve confronto entre policiais e manifestantes. Pelo menos duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas. Um grupo chegou a colocar fogo na sede do governo local. Em outras cidades menores do Iraque, desempregados protestaram e exigiram a saída de governantes.
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4. 15 mil protestam no Bahrein nesta sexta-feira
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4/6 (AFP)
São Paulo - Na última segunda-feira (14), o Bahrein comemorou o aniversário de sua constituição, promulgada em 2002. O documento originou uma série de reformas democráticas. Dentre elas, a concessão, por parte da monarquia, de poderes ao parlamento. Entretanto, grupos de jovens opositores ao governo consideram a abertura insuficiente e exigem reformas mais profundas. Contagiados pelo clima inflamado que resultou nas renuncias dos presidentes do Egito e da Tunísia, os manifestantes articularam protestos. À semelhança do que aconteceu nos outros países, os atos foram organizados com a ajuda de redes sociais. Os protestos se estenderam pelos dias seguintes. Nesta sexta-feira (18), 15 mil manifestantes se reuniram para pedir a queda do regime. O ato aconteceu durante o enterro de duas vítimas de confrontos com a polícia. A situação no país preocupa até o mundo dos esportes. Se a tensão política não diminuir, é possível que o Grande Prêmio do Bahrein de Fórmula 1, previsto para o dia 13 de março, seja cancelado.
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5. Protestos violentos tomam Iêmen
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5/6 (AFP/Mohammed Huwais)
São Paulo - As revoltas no Iêmen têm muito em comum com o ocorrido no Egito. Os militantes decidiram que darão um basta nas três décadas de ditadura no país, praticamente o mesmo tempo que Hosni Mubarak ficou no poder no Egito. Na última semana, inspirada pelos egípcios, a população no Iêmen tomou as ruas da capital do país, Sanaa, pedindo a saída do presidente Ali Abdallah Saleh. Assim como no caso dos egípcios, a maioria dos opositores é composta de jovens, que escolheram um local emblemático para protestar: a praça Tahrir (nome que significa "liberdade"), homônima do principal palco de manifestações no Egito. Nos últimos dias houve confronto entre policiais e militantes, deixando vários feridos.
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6. Líbia quer fim de ditadura de quatro décadas
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6/6 (Getty Images)
São Paulo - Os protestos na Líbia têm o objetivo principal de derrubar o líder Muammar Gaddafi, no poder desde 1969. Na última quarta-feira (16), um confronto entre a população e policiais deixou mais de 30 pessoas feridas. Os manifestantes queimaram carros e atacaram sedes do poder em diversas cidades. A Líbia é um país onde quase não há manifestações por causa da dura repressão. Mesmo assim, os jovens opositores ao governo de Gaddafi articularam para a quinta-feira (17) um protesto de alcance nacional, chamado de "O Dia da Ira". Da mesma forma que no Egito e em outros países, a manifestação foi organizada pela internet, com o auxílio de redes sociais.