Moon Jae-in: Moon diz há tempos que está preparado para se reunir com Kim sob as condições certas (Kim Hong-Ji/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2017 às 16h01.
Seul - Como membro das forças especiais da Coreia do Sul nos anos 1970, Moon Jae-in se destacava.
A maioria dos soldados da época exibia o fervor patriótico exigido pelo então ditador Park Chung-hee, cujo governo prendia regularmente os simpatizantes da Coreia do Norte.
A unidade de Moon acordava quase todas as manhãs com uma canção que dizia: “derrubem Kim Il Sung, esmaguem a Coreia do Norte”.
Moon, um ex-ativista estudantil, parecia pequeno em comparação com seus colegas musculosos e gostava de flores silvestres, segundo Roh Chang-nam, veterano que atuou 14 anos nas forças especiais e que serviu com Moon.
Alguns colegas soldados viam seu destacamento para uma das unidades mais duras do Exército -- como parte de seu serviço militar obrigatório -- como uma punição pela participação em atividades a favor da democracia.
Um dia, Moon surpreendeu Roh ao afirmar que os líderes da Coreia do Norte deveriam ser punidos, mas seus cidadãos não. Ele perguntava o que a Coreia do Sul conseguiria com a unificação se matasse pessoas comuns.
“Eu o alertei que uma declaração daquele tipo nos colocaria na prisão, apesar de concordar com ele intimamente”, disse Roh. “A atitude dele em relação à Coreia do Norte não mudou nada em 40 anos.”
Moon, 64, agora está prestes a se tornar a pessoa mais poderosa da Coreia do Sul após o impeachment de Park Geun-hye, a filha do ditador Park, em março.
Filho de refugiados norte-coreanos, ele é o favorito para a eleição de 9 de maio, resultado que encerraria nove anos de governos conservadores e provavelmente traria uma postura mais branda às relações com o regime de Kim Jong Un.
Essa abordagem poderia fazer Moon divergir do presidente dos EUA, Donald Trump, que afirma que a força militar continua sendo uma opção para deter Kim em sua busca por armas nucleares e mísseis balísticos de longo alcance que poderiam transportar ogivas até a América do Norte.
Nesta semana, Moon criticou o esforço dos EUA de instalar um escudo antimísseis na Coreia do Sul antes da eleição, afirmando que a decisão deveria ser analisada pelo próximo presidente.
Em outros aspectos, contudo, eles podem concordar. Moon diz há tempos que está preparado para se reunir com Kim sob as condições certas, uma posição que Trump adotou nesta semana em entrevista à Bloomberg News.
Ele também vê a política dos últimos nove anos como um fracasso, quer que a China adote uma postura mais ativa e prefere uma abordagem dupla formada por sanções e diálogo. Moon negou uma entrevista para essa reportagem.
O otimismo de Moon em relação a uma península coreana mais pacífica não é um sinal de que ele será leniente com Kim, segundo Roh, seu antigo superior nas forças especiais.
A unidade deles foi treinada para pousar em Pyongyang com paraquedas, destruir instalações como tanques de petróleo e “lutar até a morte”.
“É uma reputação muito absurda”, disse Roh, sobre as críticas a Moon. “Rodeado de Rambos enormes é possível que ele parecesse pequeno, mas mentalmente era tão forte quanto qualquer um.”