Jerusalém - O dirigente do partido salafista Shas, Arieh Deri, assim como outros dirigentes e meios de imprensa ultra-ortodoxos, criticaram nesta segunda-feira duramente um dos filhos do primeiro-ministro, Benjamin Netahyahu, por sair com uma menina norueguesa que não é de origem judaica.

"Não é um assunto pessoal, falamos do símbolo do povo judeu", disse Deri a uma emissora ortodoxa ao se referir do filho do primeiro-ministro de Israel.

O namoro de Yair Netanyahu, de 23 anos, com a norueguesa Sandra Leikanger, uma estudante que conheceu em uma universidade israelense, foi revelado neste último fim de semana pelos meios de comunicação noruegueses.

Deri ressaltou em entrevista à emissora religiosa "Kol Beramá" que "se for verdade, pobres de nós, Netanyahu e Sara (sua mulher) devem estar com o coração partido".

"Conheço amigos que investem milhões para lutar contra a assimilação", insistiu.

O judaísmo ultra-ortodoxo vê os casamentos mistos de judeus com membros de outra religião como a maior das catástrofes que pode ocorrer a uma família, e os mais extremistas inclusive aplicam as leis tradicionais de luto por considerar que é equiparável à perda de um ser querido.

O namoro foi revelado porque na sexta-feira passada, durante o Fórum Econômico de Davos, o primeiro-ministro israelense contou a sua colega Erna Solberg que seu filho Yair estava na Noruega de férias com sua namorada.

Com humor, Netanyahu acrescentou que era um novo ponto de partida nas relações entre os dois países, que melhoraram desde que a conservadora Erna chegou ao poder em outubro.

Sandra, de 25 anos e de uma pequena cidade do sul da Noruega, estuda Ciências da Informação no Centro Interdisciplinar de Herzlyía, ao norte de Tel Aviv.

Um jornal norueguês publicou a fotografia de ambos que tinha sido postada na página do Facebook dela, retirada desde então pela atenção pública que o caso gerou.

Um tio de Yair Netanyahu, o conhecido ultradireitista Jagai Ben Artzí, irmão de sua mãe, disse hoje que se seu sobrinho "não romper a relação com a norueguesa, estará cuspindo no túmulo de seus avôs".

Os meios de comunicação ortodoxos judeus dentro e fora de Israel não duvidaram em qualificar a jovem de "goya" (em hebraico) ou "shikse" (yiddish), que contêm uma carga depreciativa para se referir a quem não é judeu.