A revista francesa 'France Football' publicou reportagem que apontava que Catar comprou o direito de organizar a Copa de 2022. Ricardo Teixeira teve nome ligado à fraude (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2014 às 13h55.
Londres - O jornal inglês 'The Telegraph' publicou na edição deste sábado que em 2011 o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell teria feito pagamento de 2 milhões de libras (R$ 7,5 milhões em cotação atual), a uma das filhas de Ricardo Teixeira, na época com 10 anos.
Segundo a publicação, Antônia Wigand Teixeira, filha do ex-presidente da CBF e ex-presidente do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, recebeu a quantia em conta corrente registrada no Rio de Janeiro. O depósito teria sido feito em nome de Rosell, que foi diretor de marketing da Nike na América Latina.
O 'The Telegraph' lembra na matéria a polêmica decisão da Fifa de conceder a Rússia e Catar o direito de sediar os Mundiais de 2018 e 2022, respectivamente. Na época, o Barcelona já havia acertado patrocínio com a Qatar Foundation, órgão que investe em educação, pesquisa científica e desenvolvimento social no emirado.
Em janeiro do ano passado, a revista francesa 'France Football' publicou longa reportagem que apontava que a nação asiática comprou o direito de organizar a Copa de 2022. Ricardo Teixeira teve nome ligado à fraude, e também se apontava a forte influência de Rosell na decisão da Fifa.
Além disso, o ex-presidente do Barcelona é sócio da Ailanto, empresa que recebeu R$ 9 milhões do governo de Brasília pelo amistoso entre as seleções de Brasil e Portugal, em 2008, quando Teixeira ainda estava à frente da entidade.
De acordo com investigações da Polícia Civil, uma empresa de propriedade da Ailanto chegou a ter como endereço uma fazenda que pertencia a Ricardo Teixeira em Piraí, no estado do Rio de Janeiro.
No ano passado, uma reportagem publicada pela 'Folha de S. Paulo' apontou que essa empresa, que tem como sócia majoritária a esposa de Ricardo Teixeira, Ana Carolina Wigand, recebeu R$ 2,8 milhões da Ailanto.
A W Trade Brasil Importação e Exportação teria se associado a Rosell (como pessoa física) e à Brasil 100% Marketing (que tem o catalão como sócio) na compra de duas salas no Shopping Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, avaliadas em R$ 13 milhões.
Com R$ 50 mil de capital social, a empresa de Ana Carolina teria ficado com 24% de cada imóvel. Porém, dois anos depois, a Ailanto teria pagado R$ 2,8 milhões pela participação da W Trade nas salas - R$ 1,4 milhão por cada, valor abaixo ao da compra. O jornal informou na época que os documentos foram registrados no 2º Ofício de Registro de Imóveis do Rio.
Os advogados da W Trade afirmaram à 'Folha de S. Paulo' que o negócio foi feito de forma legal e que a empresa ficou com R$ 1,9 milhão do total, já que pagou R$ 188 mil de impostos e usou R$ 700 mil para quitar o financiamento das salas.
Por conta das diversas irregularidades em seus negócios que foram denunciadas, o Ministério Público do Distrito Federal pediu que Sandro Rosell fosse condenado a oito anos de prisão, além da devolução do dinheiro recebido para a realização do amistoso entre Brasil e Portugal.
Ao 'Telegraph', nem Sandro Rosell, nem Ricardo Teixeira se pronunciaram. O Barcelona garantiu que não tem conhecimento de qualquer pagamento à filha do dirigente brasileiro, cuja família vive atualmente nos Estados Unidos.