Fifa: "Em nome da transparência, a Fifa saúda a notícia de que agora este relatório foi finalmente publicado" (Arnd Wiegmann/Reuters)
Reuters
Publicado em 27 de junho de 2017 às 16h31.
Zurique - A Fifa disse nesta terça-feira que decidiu publicar o Relatório Garcia a respeito do processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 para Rússia e Catar, respectivamente, mais de dois anos e meio depois de a investigação ser concluída.
O documento de 430 páginas lista com riqueza de detalhes as idas e vindas dos bastidores das campanhas para conquistar a sede.
Segundo o relatório, "falhas" no processo foram causadas por uma "cultura de expectativa e presunção" entre membros do comitê executivo da Fifa que tinham direito de votar para escolher as sedes.
A Fifa disse que sua decisão de publicar foi tomada depois que o relatório, compilado pelo ex-investigador-chefe de ética Michael Garcia em 2014, foi "vazado ilegalmente" para um jornal alemão.
"Em nome da transparência, a Fifa saúda a notícia de que agora este relatório foi finalmente publicado", disse a entidade, acrescentando que a decisão foi tomada "para evitar a disseminação de qualquer informação enganadora".
Garcia, que hoje é juiz-associado do Tribunal de Apelações do Estado de Nova York, entrevistou 75 testemunhas e passou 18 meses investigando o complicado processo de candidatura dos dois torneios.
Seu texto não foi publicado, mas entregue ao então juiz de ética da Fifa, Hans-Joachim Eckert, que divulgou um sumário de 42 páginas no qual disse não existirem indícios suficientes para reiniciar o processo de escolha das sedes.
Garcia criticou o sumário de Eckert publicamente e renunciou um mês depois, em dezembro de 2014. Depois disso a Fifa concordou que o documento viesse a público assim que todas as investigações contra indivíduos estivessem finalizadas.
A situação da Fifa mudou drasticamente em 2015, quando dezenas de dirigentes foram indiciados por acusações relacionadas a corrupção nos Estados Unidos e a Procuradoria-Geral da Suíça iniciou uma investigação criminal sobre as concessões das sedes.
Mais tarde o então presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi afastado por seis anos na esteira de uma investigação de ética interna.
O relatório afirmou que Blatter, que negou qualquer irregularidade, teve "alguma responsabilidade por um processo falho que engendrou um ceticismo público profundo", embora também o tenha elogiado por implantar reformas, incluindo aquelas que tornaram o próprio relatório possível.