Dzhokhar Tsarnaev: pena de morte foi anunciada na sexta-feira (US DEPARTMENT OF JUSTICE/AFP/Arquivos)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2015 às 19h56.
Para muitos sobreviventes dos atentados da maratona de Boston, a condenação do jovem Dzhokhar Tsarnaev à pena capital, anunciada na sexta-feira, trouxe o sentimento de que, enfim, fez-se justiça; para outros, a pena de morte não significa paz.
"Vai para o inferno", opinou o bombeiro Michael Ward, que não estava de serviço no fatídico 15 de abril de 2013, mas que, mesmo assim, foi ao local dos ataques para socorrer as vítimas.
"Lembro-me de quando explodiram as bombas e lembro-me do que esta pessoa fez de horrível e repugnante", declarou o bombeiro à imprensa, após saber da sentença contra o réu, de 21 anos.
As deflagrações deixaram três mortos e 264 feridos.
"É uma questão de justiça", alegou, afirmando que "ninguém aqui está feliz (...) mas a Justiça venceu no final".
Já Liz Norden, cujos dois filhos perderam uma das pernas na dupla explosão, confessou: "senti que tiraram um peso de cima de mim".
"Fez-se justiça para os meus filhos", acrescentou Liz, que prometeu estar presente "em cada etapa", até a execução de Tsarnaev.
Adrianne Haslet-Davis, uma bailarina que perdeu a perna, postou em sua conta no Twitter: "meu coração está com todos os sobreviventes. Estou muito feliz com o veredito!".
Algumas vítimas, ou familiares, como os pais do pequeno Martin Richard, de oito anos, o mais novo a perder a vida nos ataques, manifestaram publicamente sua oposição à pena de morte, diante da perspectiva de longos e dolorosos anos de um processo de apelações.
Na sexta-feira, os pais de Richard deixaram o tribunal sem pronunciar uma única palavra. Na frente do prédio, ativistas contrários à pena capital manifestavam sua decepção.
Outra vítima, Laurie Scher, comentou que o longo e exaustivo julgamento de Tsarnaev a ajudou a fechar suas feridas e lhe permitiu criar fortes amizades com outros sobreviventes. Ela reconheceu, contudo, que a perspectiva da execução do réu não a alivia.
"Estou certa de que, em algum momento de sua vida, foi um homem encantador e cuidadoso, mas se transformou em um monstro. O que aconteceu com ele? Nunca saberemos", afirmou.
Heather Abbott, que perdeu uma perna, encontrou apenas tristeza no veredito.
Seja qual for, "o veredito não me traz paz", postou Heather no Facebook, na página da Fundação que criou após a tragédia.
"Traz apenas tristeza e me faz pensar, mais uma vez, que não tem sentido que todas essas pessoas tenham morrido, ou ficado feridas nessa situação", completou.
Karen Brassard, que foi à maratona com o marido e a filha para estimular um amigo, saudou a decisão da Justiça, mas disse rezar pelo júri, que teve de cumprir uma missão "particularmente difícil".
O veredito lhe permite respirar novamente, reconhece Karen, mas "feliz não é a palavra que eu usaria".
"Não há nada de feliz em ter de tirar a vida de alguém", lamentou Karen.
Ela, o marido e a filha ficaram feridos no atentado.