Garoto olha para câmera antes de conflito em manifestação em Ferguson: a olícia do condado de Saint Louis mostrou estar determinada a evitar outra onda de distúrbios (REUTERS/Rick Wilking)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2015 às 14h27.
Ferguson - A cidade de Ferguson, no Missouri, espera que o estado de emergência seja suspenso nesta quarta-feira após uma terça-feira tranquila, sem os incidentes e detenções que fizeram soar todos os alarmes no domingo à noite e na segunda-feira.
Desde que no sábado de manhã começaram as manifestações pelo primeiro aniversário da morte de Michael Brown, Ferguson viveu pouco mais de 24 horas de violência e tensão, e o balanço de detenções chegou a 144.
A polícia do condado de Saint Louis, responsável pela segurança enquanto vigorar o estado de emergência, mostrou estar determinada a evitar outra onda de distúrbios como os que levaram esta pequena cidade do Meio Oeste dos Estados Unidos a fazer história em 2014.
A terça-feira transcorreu com absoluta normalidade e à noite não houve rastro da tensão dos dois dias anteriores: só um reduzido grupo de pessoas se aproximou da avenida West Florissant para caminhar pacificamente e acatou sem oposição a ordem dos agentes de liberar as ruas às 22h.
Essa é a hora crítica na intersecção da avenida com Canfield Dr, onde Brown morreu, quando há protestos.
Os de segunda-feira e terça-feira, como ocorreu ano passado, se tornaram violentos e caóticos a partir desse ponto.
Superada a noite de terça-feira sem incidentes nem detenções, hoje poderia ser suspenso o estado de emergência declarado na segunda-feira após o tiroteio que no domingo deixou outro jovem negro gravemente ferido ao ser baleado pela polícia.
O diretor-executivo do condado, Steve Stenger, antecipou ao jornal local "The Post-Dispatch" que o estado de emergência poderia terminar hoje.
A sensação nas ruas hoje é de dupla saturação: os cidadãos acham que nada mudou para evitar mortes como a de Brown, e querem deixar de ser a cidade que abre os noticiários com distúrbios raciais.
"Não podemos acreditar que sejamos tão conhecidos no mundo todo. Ferguson é muito mais do que as imagens violentas vistas na televisão, essa imagem nos prejudicou muito. Queremos voltar à normalidade", disse à agência Efe o afro-americano Kenneth Wheat, que vive há 19 anos na cidade.
Wheat é um dos moradores que trabalham na loja "I love Ferguson", uma iniciativa lançada pelo ex-prefeito da cidade Brian Fletcher, branco a maioria das autoridades de Ferguson.
"O legado de nossa cidade não pode ficar definido pelos disparos que levaram a vida de Michael Brown em 9 de agosto de 2014, mas pela força do caráter de todos os cidadãos, brancos e negros, em superar", discursou Fletcher no manifesto de fundação de "I love Ferguson".
"Aceitamos este desafio de demonstrar à nação e ao mundo que este não será nosso legado final. Que talvez possamos ser um exemplo de comunidade em exemplar harmonia racial para o mundo", conclui.