Mundo

FBI investiga morte de adolescente negro no Missouri

FBI em St. Louis investiga possíveis violações dos direitos humanos na morte de Michael Brown, que estava desarmado quando foi morto por um policial


	Missouri: policiais em uma casa de St. Louis investigam morte de jovem negro
 (AFP/Whitney Curtis)

Missouri: policiais em uma casa de St. Louis investigam morte de jovem negro (AFP/Whitney Curtis)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2014 às 07h34.

Washington - A Polícia Federal americana (FBI, na sigla em inglês) iniciou nesta segunda-feira uma investigação depois que um policial atirou e matou, no sábado, um jovem negro desarmado no estado do Missouri (centro dos EUA), provocando violentos confrontos à noite e aumentando a tensão racial.

O major James Knowles, do subúrbio de St. Louis, na localidade de Ferguson, prometeu uma investigação imparcial e rigorosa sobre a morte na noite de sábado do estudante Michael Brown, de 18 anos.

"A única coisa que eu posso dizer agora para a comunidade é que mantenha a calma", disse o major Knowles em entrevista à rede CNN. "Compreendo a raiva e irritação das pessoas, mas (essas reações) não somam nada.

O escritório do FBI em St. Louis investiga possíveis violações dos direitos humanos na morte de Brown, com base em elementos obtidos pela polícia do condado, revelou a imprensa local.

O secretário de Justiça, Eric Holder, destacou que a investigação é "muito importante para preservar a confiança entre a polícia e a comunidade".

O prefeito de Ferguson, James Knowles, prometeu uma investigação profunda e imparcial sobre a morte no sábado de Michael Brown.

"A única coisa que posso dizer a minha comunidade agora é que permaneça calma", declarou Knowles à rede de televisão CNN. "Eu entendo a revolta e a raiva das pessoas, mas isso não é construtivo", afirmou.

"Queremos que as pessoas confiem no processo... Sendo o governo (da cidade), não estaremos envolvidos nesta investigação porque queremos que as pessoas confiem no processo", explicou.

A polícia do condado de St. Louis afirmou que dois policiais ficaram feridos durante a noite de domingo e 32 pessoas foram presas por agressões, roubo e saques. As escolas locais cancelaram nesta segunda-feira o que seria seu primeiro dia de aula após o verão.

Imagens publicadas pelo jornal St. Louis Post-Dispatch mostraram a loja de conveniência de um posto de gasolina em Ferguson - uma cidade de 21.000 habitantes, dois terços deles afro-americanos - sendo saqueada e incendiada.

As pessoas também invadiram uma loja Walmart e estabelecimentos menores e atearam fogo em outros locais

A violência começou depois que uma grande multidão, em sua maioria afro-americanos, se reuniu no domingo para uma vigília no local onde Brown foi morto por um policial de Ferguson.

As informações sobre a morte de Brown são desencontradas. Uma testemunha identificada como Dorian Johnson afirmou à rede de televisão KMOV News 4 que caminhava com Brown quando um policial os confrontou e sacou a arma.

O policial atirou em Brown, que "se virou e colocou as mãos para cima", disse Johnson.

"Ele começou a se abaixar e o policial ainda se aproximou com a arma na mão e disparou vários outros tiros".

O chefe de polícia do condado de St. Louis, Jon Belmar, declarou em uma entrevista coletiva no domingo que Brown foi morto depois de agredir fisicamente um policial e tentar tomar a sua arma.

Belmar não informou se o agente era branco.

Tensão entre a polícia e a comunidade

A imprensa local destacou que o incidente traz à tona as tensões entre as forças policiais, majoritariamente brancas, e a comunidade afro-americana.

"A morte de outro afro-americano pelas mãos desses que juraram proteger e servir a comunidade onde ele vivia é de partir o coração", declarou Cornell Williams Brooks do NAACP, declarou o Post-Dispatch reported.

"Michael Brown se preparava para começar a universidade, e agora sua família se prepara para enterrar seu filho - sua vida foi interrompida em um encontro trágico com a polícia", acrescentou.

A mãe de Brown, Lesley McSpadden, declarou à rede de televisão KMOV que seu filho havia acabado de se formar no ensino médio.

"Você sabe como foi difícil fazê-lo permanecer na escola e se formar? Você sabe quantos homens negros se formam? Não são muitos", declarou.

"Porque são rebaixados a este tipo de nível, onde eles sentem que não têm motivo para viver", completou.

Benjamin Crump - o advogado que representou a família de Trayvon Martin, o adolescente negro baleado e morto na Flórida por George Zimmerman, um vigia voluntário, em fevereiro de 2012 - declarou no Twitter que foi contratado pela família de Brown para representá-la.

Zimmerman, que alegou legítima defesa, foi absolvido no ano seguinte, provocando indignação entre aqueles que acreditavam que suas ações tinham motivos raciais.

Acompanhe tudo sobre:FBIPoliciaisPreconceitosRacismoViolência policial

Mais de Mundo

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história