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Favoráveis à ruptura com China conquistam avanço em eleições

Quatro candidatos que defendem o rompimento com Pequim conseguiram entrar para o Conselho Legislativo e um quinto também pode conquistar uma vaga


	Nathan Law: "Acredito que os verdadeiros cidadãos de Hong Kong queriam uma mudança"
 (Tyrone Siu/Reuters)

Nathan Law: "Acredito que os verdadeiros cidadãos de Hong Kong queriam uma mudança" (Tyrone Siu/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2016 às 08h45.

Uma nova geração de políticos de Hong Kong favoráveis a uma ruptura com Pequim conseguiu entrar para o Parlamento local, após uma vitória nas primeiras eleições celebradas desde a criação do "Movimento dos Guarda-Chuvas".

Um recorde de 2,2 milhões de pessoas compareceram às urnas para uma eleição importante na cidade semiautônoma, onde cresce a sensação de que a China está endurecendo o controle em temas políticos, culturais e inclusive educativos.

Quatro candidatos que defendem o rompimento com Pequim conseguiram entrar para o Conselho Legislativo (LegCo, Parlamento local) e um quinto também pode conquistar uma vaga, segundo os primeiros resultados.

Entre os novos parlamentares está Nathan Law, um dos líderes mais conhecidos do movimento conhecido como a "Revolução dos Guarda-Chuvas", que em 2014 bloqueou durante dois meses bairros inteiros na ex-colônia britânica.

O partido de Law, o Demosisto, defende a organização de um referendo sobre a integração à China.

"Acredito que os verdadeiros cidadãos de Hong Kong queriam uma mudança", disse Law, de 23 anos, que foi o segundo mais votado em sua circunscrição, atrás de um candidato favorável a Pequim.

"Os jovens têm um senso de urgência sobre o futuro", afirmou.

Law optou por um discurso conciliador, para tentar unificar a oposição tradicional com o novo movimento político.

"Temos que estar unidos contra o Partido Comunista (Chinês)", disse à AFP.

Antes, Law estabeleceu uma distância dos setores mais radicais do movimento denominado como "localista".

Muitos candidatos abertamente partidários da independência não foram autorizados a disputar as eleições, depois que as autoridades argumentaram que militar pela independência é ilegal.

Para participar da eleição alguns deles evitaram mencionar a palavra tabu e passaram a utilizar o termo "autodeterminação".

Yau Wai-Ching, candidata do novo movimento Youngspiration, que defende o direito de Hong Kong de "falar de soberania", também foi eleita.

Outro candidato do partido, Baggio Leung, de 30 anos, com um discurso repleto de referências à independência, também deve entrar no LegCo.

Para o analista político Joseph Cheng, "estas eleições se caracterizam especialmente por uma mudança intergeracional de líderes políticos".

A participação foi de quase 60% dos 3,7 milhões de eleitores. Em 2012, a votação para o o LegCo teve índice de comparecimento de 53%.

"Houve um recorde de pessoas que emitiram seu voto este ano", disse à imprensa o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais, Barnabus Fung.

Em alguns locais de votação as filas prosseguiram na madrugada desta segunda-feira, várias horas depois do horário previsto para o fechamento das urnas.

Oposição com direito a veto

No entanto, a maior parte da oposição tradicional que é favorável à democracia não apoia uma independência e o avanço dos candidatos que defendem uma ruptura pode prejudicar sua presença no Parlamento.

Das 70 cadeiras no Legco, apenas 35 são definidas por eleição direta e representam circunscrições, enquanto outras 30 procedem de grupos profissionais favoráveis a Pequim e outras cinco, as chamadas "super cadeiras", são eleitas por voto popular, mas sem estar relacionadas a um território.

A oposição moderada pró-democracia tem 27 cadeiras, o que permite exercer uma minoria de bloqueio. Com quatro representantes a menos, também perderão este dirito.

A redução da força política da oposição moderada reforçaria Pequim a curto prazo, mas a longo prazo poderia legitimar o discurso dos favoráveis à independência.

Os primeiros resultados, no entanto, mostra que os dois lados podem coexistir e que a oposição tradicional poderia conservar o direito ao veto.

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