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Farmacêuticas começam ensaios de vacinas com crianças nos EUA

“A principal justificativa para vacinar crianças, visto que relativamente não são afetadas, seria tentar ter um impacto na transmissão do vírus”, diz o principal pesquisador dos ensaios de Oxford

Volta às aulas (DAMIEN MEYER/AFP/Getty Images)

Volta às aulas (DAMIEN MEYER/AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 19h44.

Última atualização em 19 de janeiro de 2021 às 19h44.

William Brown ainda não pisou em uma sala de aula durante seu primeiro ano do ensino médio, preso em casa, como muitos alunos, pela pandemia.

Dias antes do Natal, Brown deu um passo que pode ajudá-lo e a outros jovens a retornar antes do previso à escola. Com o incentivo dos pais, o jovem de 15 anos se inscreveu para um ensaio da vacina da Pfizer com adolescentes.

“Sinto falta de ver todos os meus amigos e de estar pessoalmente conversando com meus professores”, disse Brown por telefone de Raleigh, na Carolina do Norte. “Espero que, ao fazer isso, as pessoas da minha idade voltem para a escola.”

Nos Estados Unidos, mais de 14 milhões de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas desde meados de dezembro, principalmente em profissionais de saúde, idosos e pessoas em alto risco. Para derrotar a pandemia e reativar totalmente a economia, crianças também terão que ser imunizadas, dizem especialistas.

Peso para os pais

Com esse objetivo, os ensaios para garantir que as vacinas sejam seguras para jovens começam para valer. Pfizer e Moderna começaram a recrutar participantes no final do ano passado e poderiam ter dados dos estudos até meados do ano. A Universidade de Oxford, que desenvolveu uma vacina com a AstraZeneca, planeja testes iniciais em jovens de 12 a 18 anos no próximo mês.

“Se quisermos controlar isso, precisamos vacinar as crianças”, disse Paul Stoffels, diretor científico da Johnson & Johnson. Ele estima que a J&J iniciará testes em crianças de quatro a seis semanas após receber os resultados dos estudos com adultos, que são esperados para o início de fevereiro.

Governos do mundo todo fecharam repetidamente escolas e creches para ajudar a conter o coronavírus, sobrecarregando pais que trabalham e a economia. Embora jovens geralmente não sofram de Covid grave, imunizá-los pode reduzir a propagação para pessoas com maior risco.

“A principal justificativa para vacinar crianças, visto que relativamente não são afetadas, seria tentar ter um impacto na transmissão do vírus”, disse em entrevista Andrew Pollard, principal pesquisador dos ensaios de Oxford.

Em busca de voluntários

O ensaio com adolescentes da vacina da Pfizer, desenvolvida com a parceira alemã BioNTech, concluiu o recrutamento com 2 mil voluntários de idades entre 12 e 15 anos, de acordo com John Vanchiere, principal pesquisador da unidade de ensaios na Universidade Estadual de Luisiana - Health Shreveport. Um porta-voz da Pfizer não quis confirmar se o recrutamento foi concluído e disse que a empresa compartilhará dados quando no prazo estipulado.

A Moderna administrou as primeiras doses a jovens voluntários em dezembro e planeja ter dados iniciais do ensaio com 3 mil pessoas de 12 a 18 anos a tempo de uma possível aprovação antes do ano letivo de 2021. Mas a empresa enfrenta desafios para o recrutamento, disse Moncef Slaoui, diretor científico da Operação Warp Speed dos EUA, que visa acelerar o desenvolvimento e distribuição de vacinas.

Um porta-voz da Moderna, com sede em Cambridge, Massachusetts, disse que o recrutamento foi menor durante as férias, mas a empresa espera um aumento e deve fornecer dados até meados do ano.

Em Oxford, a universidade planeja recrutar cerca de 120 jovens nos grupos de 12 a 18 anos e de 6 a 11 anos, disse Pollard. A AstraZeneca realizará um ensaio maior com crianças nos Estados Unidos. A empresa não quis comentar dados sobre o tamanho ou período desse estudo.

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