Mundo

Farc pedem que consumo de drogas seja descriminalizado

Grupo vai propor ao governo a descriminalização do consumo de drogas, um tema-chave no diálogo de paz


	Membro das Farc: grupo já havia pedido ao governo do presidente Juan Manuel Santos a legalização dos plantios de folha de coca e maconha do país
 (Luis Robayo/AFP)

Membro das Farc: grupo já havia pedido ao governo do presidente Juan Manuel Santos a legalização dos plantios de folha de coca e maconha do país (Luis Robayo/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 21h30.

Havana - O grupo guerrilheiro Farc vai propor nesta terça-feira ao governo da Colômbia a descriminalização do consumo de drogas, um tema-chave no diálogo de paz destinado a pôr fim a meio século de conflito armado no país.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) já haviam pedido há um ano ao governo do presidente Juan Manuel Santos a legalização dos plantios de folha de coca e maconha do país como um meio de ajudar os camponeses pobres.

A proposta é apresentada pelas Farc no debate sobre drogas ilícitas, que os dois lados reiniciaram na segunda-feira, depois de um breve recesso para o qual partiram otimistas com o que consideram ser o início da fase de construção de acordos.

"A política pública se fundamentará na superação das medidas de proibição e na descriminalização do consumo", argumentou um integrante da equipe negociadora das Farc, Rodrigo Granda, em um comunicado divulgado antes do início da sessão desta terça-feira.

"Isso implica privilegiar medidas e ações tendentes à regulamentação gradual e diferenciada do consumo, incluindo sua liberalização, considerando seus impactos e usos", acrescentou, referindo-se às drogas hoje ilícitas.

A iniciativa se soma a outras sete que incluem o reconhecimento do consumo de drogas psicoativas como um problema de saúde, projetos de políticas democráticas e participativas contra o consumo, financiamento estatal de políticas para enfrentá-lo, prevenção e uma reforma na estrutura da seguridade social.

"Consideramos que a questão da ilegalidade deste negócio é o que o torna bastante atraente nacional e internacionalmente, essa ilegalidade em que se movimenta o negócio faz com que os preços subam", afirmou Granda a jornalistas.

A Colômbia é considerada o maior produtor mundial de cocaína, cuja matéria-prima é a coca. O governo vinculou por anos a guerrilha ao narcotráfico, mas as Farc o rejeitam constantemente.

Em outras ocasiões, esse grupo guerrilheiro que é considerado terrorista pela União Europeia indicou que a cocaína deveria ser descriminalizada, como ocorreu com o tabaco e as bebidas alcoolicas.

O presidente colombiano levantou o tema da legalização e descriminalização do consumo de estupefacientes em foros internacionais, sem maiores avanços.

Embora países como Estados Unidos e Uruguai tenham descriminalizado o cultivo e o consumo controlados de maconha, e parlamentares de esquerda do México apresentaram este mês um projeto para elevar a doses permitida e seu consumo legal com finalidades medicinais.

Depois de 15 meses na mesa de conversações, as Farc e o governo de Santos conseguiram acordos parciais relativos ao uso da terra e à participação do grupo na política.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaColômbiaDrogasFarcTráfico de drogas

Mais de Mundo

Três ministros renunciam ao governo de Netanyahu em protesto a acordo de cessar-fogo em Gaza

Itamaraty alerta para a possibilidade de deportação em massa às vésperas da posse de Trump

Invasão de apoiadores de presidente detido por decretar lei marcial deixa tribunal destruído em Seul

Trump terá desafios para cortar gastos mesmo com maioria no Congresso