O comandante guerrilheiro Pablo Catatumbo discursa durante o 35º ciclo de negociações de paz, em Havana (Yamil Lage/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2015 às 13h43.
Havana - A guerrilha das Farc insistiu nesta sexta-feira que o governo colombiano deve abrir os arquivos secretos da luta contra os insurgentes para que se possa discutir a responsabilidade do Estado, repetindo o pedido feito em 4 de março passado.
A declaração foi feita pelo comandante guerrilheiro Pablo Catatumbo durante o início do 35º ciclo de negociações de paz que coincide com a Cúpula das Américas no Panamá.
"Já é hora de exigir com veemência que os arquivos sejam abertos e que se discuta a questão da responsabilidade do Estado na violência armada!", afirmou Catatumbo.
Neste novo ciclo, governo e guerrilha continuarão discutindo a questão da indenização das vítimas do conflito.
Na próxima semana, uma subcomissão conjunta integrada por generais e líderes guerrilheiros deve iniciar a elaboração dos primeiros passos para o fim do conflito de meio século.
O atual ciclo deve terminar em 20 de abril.
Jornada pela paz
As duas partes retomaram as negociações um dia depois de Bogotá celebrar um dia pela paz e pelas vítimas do conflito armado, com vários atos simbólicos que contaram com a participação do presidente Juan Manuel Santos.
Milhares de pessoas se reuniam desde cedo nas ruas de Bogotá, muitas delas vestidas de branco ou com cartazes alusivos à paz.
Santos deixou flores pelos mortos no conflito, acompanhado de sua esposa, María Clemencia Rodríguez, e de membros de seu gabinete, como o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, e da Fazenda, Mauricio Cárdenas.
"Hoje estamos lembrando as vítimas desta guerra absurda na qual nos envolvemos durante 50 anos ou mais, e que por fim estamos vendo a possibilidade de uma paz", disse Santos após depositar as flores, em referência aos avanços nos diálogos de paz que seu governo realiza desde 2012 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Santos também anunciou que vai prorrogar por mais um mês a suspensão dos bombardeios contra acampamentos das Farc, que ordenou em 10 de março com o objetivo de acelerar os diálogos de paz.
"As informações que me foram fornecidas no dia de hoje (quinta-feira) pelo ministro da Defesa e os altos comandos militares indicam que, durante este mês, as Farc mantiveram e respeitaram o cessar-fogo unilateral", afirmou Santos.
"Por este motivo, decidi prorrogar por mais um mês e, continuarei fazendo isso até o futuro, a suspensão dos bombardeios", acrescentou.
A Colômbia vive um conflito armado que envolveu guerrilhas, paramilitares, forças militares e grupos de narcotraficantes, e que deixou oficialmente ao menos 220.000 mortos e mais de cinco milhões de deslocados.