Farc: "Esta é uma mostra do 30% que está sendo feito no dia de hoje e continuará amanhã em todo o território colombiano" (Jaime Saldarriaga/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de junho de 2017 às 18h07.
La Elvira - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) iniciaram nesta terça-feira a entrega à Missão da ONU de um segundo lote de armas que constituem 30% de seu arsenal, em um ato na zona rural de La Elvira, no departamento de Cauca, no sudoeste do país.
"Esta é uma mostra do 30% que está sendo feito no dia de hoje e continuará amanhã em todo o território colombiano", disse um observador argentino da ONU após receber e descarregar as armas, entre as quais havia fuzis, pistolas, lança-granadas e lança-foguetes que depois depositou em um contêiner sob custódia do organismo internacional.
Na quinta-feira passada, as Farc já tinham anunciado a entrega à ONU de um primeiro lote equivalente a 30% do seu armamento.
Desta forma, ao final do procedimento iniciado hoje, a guerrilha terá entregado 60% das suas armas à ONU, em uma processo que deve terminar no próximo dia 20 de junho com o 40% restante.
O ato de hoje não foi presenciado pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, devido ao mau tempo na região que impediu a aterrissagem do helicóptero em que viajava na companhia do ex-presidente de governo da Espanha, Felipe González, e do ex-presidente do Uruguai, José Mujica.
Por essa razão, a comitiva presidencial retornou a Cali, capital do departamento vizinho de Valle del Cauca, de onde acompanhou o ato pela televisão ao lado dos dois ex-governantes que lideram o mecanismo de verificação e acompanhamento internacional para a implementação do acordo de paz.
O chefe da Missão Especial da ONU, Jean Arnault, destacou durante o ato em La Elvira o passo dado pelas Farc rumo à vida civil e declarou que "a política sem armas é possivelmente o melhor símbolo deste processo".
"Somos testemunhas hoje da etapa final do processo de entrega de armas individuais, com 30% destas armas já armazenadas nos contêineres da Missão", ressaltou.
Arnault afirmou ainda que, apesar de o processo de paz não ter sido isento de "episódios de desalento" e "momentos de ceticismo", no futuro "haverá outros momentos difíceis".
"No entanto, algo que caracterizou o processo de paz da Colômbia é a determinação do governo da Colômbia e das Farc de persistir e de superar uma e outra vez os desafios no caminho da paz", comentou.
Por sua parte, o comandante guerrilheiro Jorge Torres Victoria, codinome "Pablo Catatumbo", principal representante das Farc no ato, declarou que "o cessar-fogo evitou mais de 2.500 mortos, soldados, policiais e guerrilheiros filhos de famílias colombianas".
Além disso, destacou que é hora de "construir pontes" e lembrou que a entrega das armas por parte da guerrilha está sendo "cabalmente" realizada, cumprindo assim com o seu compromisso.
"Esperamos que os guerrilheiros tenham garantias jurídicas e econômicas para a sua reintegração à vida normal do país", disse "Catutumbo", ao mesmo tempo em que exigiu a instalação da comissão especial de combate ao paramilitarismo, segundo ele "a principal ameaça que paira sobre a paz".
Ao final do ato, os guerrilheiros de La Elvira receberam o documento em que a ONU certifica que deixaram suas armas para que possam empreender seu caminho para a vida civil.