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Farc confirmam que Uribe tentou iniciar diálogo para paz

Farc disseram que representantes do governo de Uribe entraram em contato com um amigo de um dos líderes do grupo, para iniciar um diálogo


	Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe: guerrilha confirmou tentativa de negociação pela paz por parte do ex-governante
 (©AFP / Ernesto Benavides)

Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe: guerrilha confirmou tentativa de negociação pela paz por parte do ex-governante (©AFP / Ernesto Benavides)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2014 às 17h35.

Bogotá - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) confirmaram nesta quarta-feira que o ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe (2002-2010) entrou em contato em 2008 e 2010 para iniciar um processo de negociação que pusesse fim ao conflito armado iniciado há mais de meio século no país.

Através de um comunicado, as Farc disseram que representantes do governo de Uribe entraram em contato com um amigo de Jorge Torres Victoria, conhecido como "Pablo Catatumbo", um dos líderes do grupo, para iniciar um diálogo.

Eles acrescentaram que os representantes do governo também queriam que Guillermo Leão Sáenz Vargas, conhecido como "Alfonso Cano", chefe do Estado-Maior das Farc, estivesse presente nas negociações, que seriam secretas.

Durante as conversas mantidas entre o amigo de "Catatumbo" e o representante do governo, cujos nomes não foram divulgados, o interlocutor do Executivo afirmou aos guerrilheiros que existia "um real interesse em falar de paz".

Além disso, segundo as Farc, ele teria garantido que seria aberto um "corredor sem o Exército desde a vereda Combia até a vereda Mesa Rio Papagaio" (no sudoeste do país), para facilitar o encontro, durante um mês.

Os guerrilheiros que atuam na região reportaram aos seus comandantes que, efetivamente, o exército colombiano tinha se retirado desse território.

Diante da falta de uma resposta das Farc, o delegado do governo voltou a falar com o amigo de "Catatumbo" para levantar a possibilidade de habilitar outra região para desenvolver as negociações.

A guerrilha comentou que ter recebido a mensagem com "notável distância no tempo" e que tiveram receio diante da possibilidade de essas conversas serem secretas.

Em ocasiões anteriores, quando delegados de diferentes grupos guerrilheiros como o M-19, o Exército de Libertação Nacional (ELN), o Exército Popular de Libertação (EPL) e as próprias Farc tentaram negociar com diferentes governos foram emboscados ou assassinados.

Sem sucesso nessa primeira aproximação, o governo reiterou ao amigo de "Catatumbo" a disponibilidade para negociar em 2010.

Nesse caso, segundo as Farc, o amigo de "Catatumbo" esteve em contato com o médico colombiano Luis Carlos Restrepo, com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Igreja, que transmitiram a oferta do governo.

Finalmente, ele se reuniu com Uribe, que pediu que transmitisse à direção das Farc a oferta de iniciar uma negociação no Brasil, oferta que o amigo de "Catatumbo" pediu a Uribe formalizasse por escrito.

O ex-presidente Uribe enviou, através do Alto Comissário para a Paz, Frank Pearl, uma carta "aos senhores Alfonso Cano e Pablo Catatumbo do Secretariado do Estado-Maior Central das Farc-EP", que a guerrilha publicou na íntegra em seu site.

Nela Uribe ratifica a disposição de iniciar as negociações em um "encontro direto e secreto" com os líderes das Farc ou com delegados do grupo guerrilheiro, em uma "agenda aberta com o propósito de construir confiança entre as partes", o que posteriormente levaria a um processo mais amplo.

Além disso, garantiu que o Brasil estabeleceria dentro de seu território "a segurança e a logística estipulada pelos participantes do encontro secreto".

Com essa divulgação, as Farc confirmaram a informação publicada pelo jornalista Daniel Coronell, vice-presidente de notícias da emissora americana "Univisión" e colunista da revista colombiana "Semana", que sábado informou que o governo de Uribe tinha iniciado contatos com o grupo guerrilheiro.

O ex-presidente Uribe várias vezes criticou abertamente as negociações de paz que o governo de Juan Manuel Santos e as Farc desenvolvem há quase dois anos em Havana.

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