Soldados das Farc: "É contraditório que, enquanto o presidente Obama expressa apoio ao processo (de paz), os porta-vozes do Departamento de Estado atuam contra essa finalidade", diz líder (Serdechny / Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2014 às 12h50.
A guerrilha das Farc afirmou nesta quinta-feira que o governo colombiano está "confuso" em relação à criação de uma comissão da verdade sobre o conflito armado, e disse que os Estados Unidos "mentem" sobre o tráfico de drogas e dificultam o processo de paz.
"O governo dos Estados Unidos não ajuda para o processo de reconciliação da Colômbia com as suas falsas representações dos fatos sobre a questão do narcotráfico que está sendo discutido nas negociações de paz" de Havana, declarou o negociador-chefe das Farc, Ivan Márquez.
"É contraditório que, enquanto o presidente (Barack) Obama expressa apoio ao processo (de paz), os porta-vozes do Departamento de Estado atuam contra essa finalidade", oferecendo recompensas para a captura dos líderes das Farc, acrescentou Marquez.
O Departamento de Estado americano oferece, de fato, em seu site uma recompensa de cinco milhões de dólares pelo líder das Farc Timoleon Jimenez "Timoshenko" e outros líderes, incluindo delegados da paz, enquanto Bogotá dialoga com a guerrilha por não considerá-la uma organização de tráfico de drogas.
"Os Estados Unidos mentem", afirma a guerrilha em um comunicado de imprensa, que também destaca que Washington "tem feito vista grossa para o comércio internacional de drogas para desestabilizar governos legítimos".
Além disso, Marquez declarou que o governo colombiano está "confuso" sobre a comissão da verdade sobre o conflito armado que já dura meio século. Os dois lados apoiam a iniciativa, mas discordam sobre suas responsabilidades e o momento da sua criação.