A FAO leva em conta não apenas o desmatamento, mas também a deterioração das terras e das águas (Diptendu Dutta/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2011 às 13h15.
Roma - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) denunciou nesta segunda-feira a "degração de 25% das terras do planeta" em um importante relatório divulgado nesta segunda-feira em Roma sobre o estado mundial das terras e da água.
"Vinte e cinco por cento das terras do planeta estão degradadas", afirma o relatório da FAO, que constitui a primeira avaliação mundial do estado dos recursos de terras.
"Um quarto das terras apresenta um elevado estado de degradação. Outros 8% apresentam uma degradação moderada, enquanto 36% estão em condições de estabilidade ou com uma leve degradação e 10% classificam-se como terras que estão melhorando", afirma o relatório.
"A superfície restante do planeta está nua (por volta de 18%) ou coberta por massas de água continentais (cerca de 2%)", segundo os estudos da FAO, que incluem todo tipo de terras, não só as agrícolas.
A definição da FAO de degradação vai além da deterioração das terras e das águas em si mesmas, e inclui uma avaliação de outros aspectos dos ecossistemas afetados, como a perda da biodiversidade.
Para os especialistas da FAO, uma extensa degradação e a escassez cada vez mais aguda de recursos de terras e água põe em perigo vários sistemas-chave de produção de alimentos em todo o mundo, representando um profundo desafio para a tarefa de alimentar uma população mundial que em 2050 chegará a 9 bilhões de pessoas.
O relatório da agência especializada das Nações Unidas, com o título de "Estado dos Recursos de Terras e Água do Mundo para a Alimentação e a Agricultura", afirma que apesar de nos últimos 50 anos ter se verificado um aumento notável da produção de alimentos, em muitos lugares, as conquistas associaram-se a práticas de gestão que degradaram as terras e os sistemas hídricos dos quais a produção de alimentos depende.
"Não há região imune, em todo o planeta há sistemas em perigo, desde as terras altas dos Andes até as estepes da Ásia central, desde a bacia hidrográfica de Murray-Darling da Austrália até o centro dos Estados Unidos", adverte a FAO, cuja central encontra-se em Roma.
"Este relatório deve sacudir o mundo, as pessoas devem entender que os recursos naturais não são infinitos", reconheceu o diretor-geral da FAO, o senegalês Jacques Diouf.
"Acabou a época em que o negócio é a prioridade", comentou.
"Hoje em dia muitos dos sistemas correm o risco de perda progressiva de sua capacidade produtiva por uma mistura excessiva de pressão demográfica e práticas e usos agrícolas insustentáveis", afirma o relatório.