Estudantes desaparecidos: os familiares preferiram convocar na capital mexicana um ato (Daniel Becerril/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2015 às 17h27.
Neste domingo completam-se sete meses do desaparecimento dos 43 estudantes mexicanos de Ayotzinapa. Apesar do esvaziamento dos protestos nas ruas, os familiares dos jovens desaparecidos lutam para conseguir manter a pressão sobre o governo para que eles sejam encontrados.
Neste dia 26 de abril, os familiares, que já levaram seus protestos aos Estados Unidos e à Europa, preferiram convocar na capital mexicana um ato artístico e cultural chamado "Vozes por Ayotzinapa".
O evento contará com breves pronunciamentos de defensores de direitos humanos e intervenções de música, dança e poesia.
O brutal ataque de policiais corruptos de Iguala (Guerrero, sul) contra os jovens na noite de 26 de setembro gerou uma onda de protestos no México, sem precedentes em comparação a outras atrocidades cometidas no contexto da chamada "guerra contra o narcotráfico".
Os familiares lideraram contundentes protestos em Guerrero e todo dia 26 se deslocaram para a capital, onde milhares de pessoas já ocuparam as ruas para exigir do governo de Enrique Peña Nieto a procura dos jovens e a punição de todos os culpados.
Com o passar dos meses, contudo, o desespero dos pais e sua desconfiança em relação ao governo cresceram, enquanto o crime perdeu espaço na imprensa e o número de pessoas nos protestos diminuiu.
"É natural que um movimento com essa intensidade vá esgotando-se, enfraquecendo-se com o passar do tempo. Teve seu momento auge, e as pessoas começam a cansar, a ter outras coisas, outros temas relacionados à violência", explica à AFP o analista político José Antonio Crespo, do Centro de Pesquisa e Docência Econômicas (CIDE).
Os familiares dos jovens desaparecidos continuam sem acreditar na investigação oficial do Ministério Público, que concluiu que os jovens foram entregues pela polícia de Iguala a narcotraficantes que os incendiaram, jogando as cinzas das vítimas no rio.
Os pais acusam o governo, com quem romperam o diálogo, de querer deixar o caso de lado e tentar que ele caia no esquecimento.