Familiares de vítimas de naufrágio observam local do acidente: os familiares estavam irritados com o atraso nos trabalhos de resgate (REUTERS/Issei Kato)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 06h38.
Seul - Os familiares das vítimas da balsa que naufragou ontem na Coreia do Sul, com pelo menos nove mortos e quase 300 desaparecidos, expressaram sua raiva e indignação nesta quinta-feira contra o governo, a quem acusam de ter procedido mal nos trabalhos de resgate, além de oferecer informações incorretas.
Os parentes das vítimas receberam o primeiro-ministro sul-coreano, Chung Hong-won, com uma chuva de protestos quando este chegou na cidade de Jindo, no litoral sudeste do país, para se reunir com eles, informou o jornal local "Korea Herald".
Os familiares estavam irritados com o atraso nos trabalhos de resgate, já que o naufrágio se prolongou durante duas horas e, mesmo assim, apenas 179 passageiros foram salvos.
Outros 287 teriam ficado presos na embarcação - com poucas chances de que tenham sobrevivido - e nove morreram, segundo dados oficiais.
A indignação também foi motivada pelos diferentes números divulgados por parte das autoridades de Seul durante as primeiras 12 horas do acidente, pois as informações oficiais variaram muito e, inclusive, despertaram falsas esperanças ao ser veiculado em um determinado momento que o número de desaparecidos era inferior ao atual.
A maioria dos familiares das vítimas são os pais e parentes dos 325 estudantes de ensino médio que formavam a maior parte do total de 475 passageiros da balsa Sewol.
Os sobreviventes, por sua vez, criticaram o que pode ter sido uma grave imprudência por parte da tripulação do navio, que ordenou aos passageiros permanecerem em seus assentos ao invés de iniciar os procedimentos de salvamento durante aproximadamente uma hora, depois que um estrondo foi ouvido e seguido pelo início do afundamento.
"O navio se inclinava cada vez mais, mas houve várias transmissões que nos diziam para ficarmos em nossos lugares", relatou um sobrevivente de 17 anos ao jornal local "Hankyoreh", após opinar que "tudo poderia ter ocorrido de outra forma se as pessoas tivessem saído mais rápido".
Outros resgatados criticaram que o capitão da embarcação, que saiu vivo do acidente, foi um dos primeiros a abandonar a balsa durante o naufrágio.
Enquanto os trabalhos de resgate continuam para tentar encontrar os 287 desaparecidos, a sociedade sul-coreana permanece atordoada diante daquela que pode ser uma das maiores tragédias humanas em tempos de paz na história do país.