Premiê chinês Wen Jiabao (Jason Lee/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2012 às 08h56.
A família do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, um líder conhecido por suas origens humildes e por sua compaixão com o povo, acumulou uma enorme fortuna durante o mandato dele, revelou o jornal The New York Times nesta sexta-feira.
"Uma revisão de registros corporativos e regulatórios indica que os parentes do primeiro-ministro, alguns dos quais com um pendor agressivo para os negócios, incluindo sua mulher, controlavam um patrimônio avaliado em pelo menos 2,7 bilhões de dólares", disse o jornal.
Os sites do Times em inglês e chinês foram bloqueados na China na manhã de sexta-feira, assim como as buscas no serviço Sina Weibo (espécie de Twitter chinês) pelo nome do jornal e dos filhos e esposa de Wen.
Hong Lei, porta-voz da chancelaria chinesa, disse a jornalistas que a reportagem "difama o nome da China, e tem motivos escusos".
Questionado sobre o bloqueio aos sites, ele disse: "A China gere a internet em concordância com as leis e regras".
O NY Times noticiou que a mãe, irmãos e filhos de Wen acumularam a maior parte da sua riqueza desde que Wen foi nomeado vice-premiê, em 1998. Ele foi promovido a primeiro-ministro em 2003.
Citando um exemplo, o jornal disse que sociedades controladas por parentes de Wen e seus amigos e colegas detinham em 2007 a soma de 2,2 bilhões de dólares em ações da Ping An Insurance (Group) Co of China Ltd. Esse foi o último ano em que a propriedade acionária foi revelada em documentos públicos.
A mãe de Wen, de 90 anos, tinha na época 120 milhões de dólares investidos na Ping An, uma das maiores firmas mundiais de serviços financeiros.
O NY Times disse ter apresentado as informações ao governo chinês, que se negou a comentar. Os familiares de Wen também evitaram fazer comentários ao jornal.
A vida privada dos líderes chineses, assim como o seu patrimônio, são assuntos tratados de forma sigilosa na China. Mas a imprensa oficial chinesa eventualmente divulga denúncias contra funcionários subalternos, e relatos sobre o alto escalão na imprensa ocidental e de Hong Kong permitem avaliar os lucros que os cargos públicos rendem a seus ocupantes.
Ocasionalmente, funcionários graduados são apanhados e punidos em casos de corrupção.
O jornal disse que a família de Wen esconde seu patrimônio com a ajuda de laranjas, e que os investimentos incluem um projeto de condomínio fechado em Pequim, uma fábrica de pneus no norte da China, e uma empreiteira que participou das obras do estádio "Ninho de Pássaro" e de outras instalações usadas na Olimpíada de Pequim-2008.