Manifestação pedindo justiça ao caso de Jean Charles de Menezes, morto pela polícia britânica em 2005 (Suzanne Plunkett/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2015 às 16h42.
Londres - Cerca de cem pessoas se reuniram nesta quarta-feira na estação de metrô de Stockwell, em Londres, para reivindicar justiça pelo assassinato, nesse local há exatamente dez anos, de Jean Charles de Menezes, que foi abatido a tiros pela polícia depois de ser confundido com um terrorista suicida.
Familiares, amigos, conhecidos e cidadãos anônimos se reuniram na estação de metrô, na zona sul de Londres, vestidos com camisetas pretas, levando flores e cartazes com a frase "Justice 4 Jean" ("Justiça para Jean").
"O nome de Jean Charles não pode ser esquecido. Merecemos que se faça justiça. Há muita gente aí fora lutando por ela, que precisa disto. É um dia muito emocionante para mim e para minha família, mas também muito difícil", afirmou Vivian Figueiredo, prima de Jean Charles.
"É um dia para lembrar meu primo. Somos otimistas e esperamos que haja justiça. Fiquei muito satisfeita de o caso ter sido levado à Corte Europeia de Direitos Humanos. Sem dúvida, a lembrança de Jean Charles está viva", sustentou.
Na manhã de 22 de julho de 2005, Jean Charles, um jovem eletricista brasileiro, morreu abatido a tiros pela Polícia Metropolitana de Londres (MET) ao ser confundido com um terrorista suicida no metrô da capital britânica.
Os agentes estavam sob forte pressão, buscavam os responsáveis pelos fracassados atentados do dia anterior contra a rede de transportes da cidade, e pelo de duas semanas antes, em 7 de julho de 2005, contra três trens do metrô e um ônibus, que causou 60 mortes e deixou 700 feridos.
Por seu aspecto físico, moreno de olhos escuros, os policiais o confundiram com um possível terrorista suicida. Jean Charles entrou na estação de Stockwell enquanto era seguido por dois agentes armados e, ao entrar em um dos vagões, recebeu sete tiros na cabeça e um no ombro.
A MET foi multada em 175 mil libras (cerca de R$ 875 mil) por não cumprir a Lei de Saúde e Segurança no Trabalho, uma ampla legislação trabalhista que exige cuidado com funcionários e terceiros que podem ser afetados pelo exercício de um trabalho determinado.
Em 2009, a Scotland Yard e os familiares de Jean Charles chegaram a um acordo que incluía o pagamento de uma indenização de 100 mil libras (R$ 500 mil).
No entanto, a decisão de não processar nenhum dos policiais fez a família decidir levar o caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que está analisando o processo.
"A luta desta família é verdadeiramente importante para evitar que as pessoas possam pensar que podem atuar sem serem punidos", disse Assad Rehman, porta-voz da família e membro da campanha "Justice 4 Jean".
"Se a justiça for feita não será só para esta família, mas para todos: ajudará a restaurar a confiança em nossas forças da ordem e na MET. E isso é bom para todo mundo", ressaltou Rehman.