Houve relatos de violência contra caminhoneiros que tentaram entregar combustível apesar da paralisação (FERNANDO MORAES)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2013 às 17h59.
São Paulo - Todos os postos de São Paulo e da região metropolitana da capital paulista estão sem gasolina e somente alguns poucos tem estoque de etanol para vender aos consumidores, disse nesta quarta-feira o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alisio Vaz.
"Cem por cento dos postos de São Paulo estão sem gasolina", disse Vaz em entrevista coletiva. "Um ou outro ainda tem um pouquinho de etanol", acrescentou.
A falta de combustível na capital paulista tem sido sentida desde a terça-feira, depois que caminhoneiros paralisaram na segunda-feira a entrega de combustíveis na cidade em protesto contra uma medida da prefeitura que restringe o trânsito de caminhões na Marginal Tietê, via que liga a cidade a importantes rodovias, como a Fernão Dias e Presidente Dutra.
Segundo Vaz, nas últimas 24 horas foram entregues 2 milhões de litros de gasolina quando o normal é entre 30 milhões a 40 milhões de litros.
Houve relatos de violência contra caminhoneiros que tentaram entregar combustível apesar da paralisação, o que levou a Polícia Militar a montar um gabinete de crise para tratar da situação e a fazer escoltas dos carregamentos.
De acordo com a PM, só nesta quarta pelo menos 37 escoltas foram realizadas. O Sindicom informou que os serviços essenciais -como hospitais, aeroportos e polícia- têm sido atendidos com ajuda da PM.
Na noite de terça-feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar que determina aos sindicatos que representam os caminhoneiros que retomem a normalidade dos serviços sob pena de multa diária de 1 milhão de reais.
Procurado pela Reuters nesta quarta, o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) informou que a direção do movimento estava reunida desde a manhã e ainda não havia decisão sobre a continuidade ou não do movimento.
Também nesta quarta, a polícia chegou a prender pessoas ligadas a postos de gasolina que praticaram preços considerados abusivos. Segundo a PM, em um dos casos, chegou-se a cobrar 5 reais no litro da gasolina, quando o preço normal é inferior a 3 reais o litro .
Segundo Vaz, do Sindicom, a expectativa das distribuidoras é que, caso se chegue a um acordo nesta quarta, demoraria cerca de três dias para a normalização do abastecimento nos postos de São Paulo.
"Isso se houver liberação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)", disse Vaz, referindo-se à restrição ao tráfego de caminhões na Marginal Tietê.
De acordo com o presidente do Sindicom, caso não exista essa liberação, a normalização do abastecimento levaria mais de uma semana.
O Sindicom informou que, se houver acordo para que os caminhoneiros voltem ao trabalho, a entidade vai propor à CET e à prefeitura que a restrição seja retirada temporariamente e somente para caminhões que transportam combustíveis.
Vaz ressaltou, no entanto, que para isso, primeiro os caminhoneiros precisariam concordar em retornar ao trabalho.
A prefeitura de São Paulo, entretanto, não deu até o momento indicações de que tenha intenção de rever a medida.