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Falta de energia elétrica afetará trabalho, alerta FGV

Embora os indicadores de trabalho de dezembro apontem para um cenário de estabilidade, a falta de energia pode prejudicar a decisão das empresas de manter funcionários

"Se a crise de energia for mesmo grave como estão dizendo, a população ocupada despenca", afirmou o especialista da FGV (Marcos Santos/USP Imagens)

"Se a crise de energia for mesmo grave como estão dizendo, a população ocupada despenca", afirmou o especialista da FGV (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2013 às 18h30.

Rio de Janeiro - A perspectiva para o mercado de trabalho é favorável para os próximos meses, a menos que a ameaça de falta de energia elétrica se concretize, segundo Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

"Se a crise de energia for mesmo grave como estão dizendo, a população ocupada despenca. As empresas não vão ter por que reter mão de obra se faltar energia. Vamos entrar numa crise como a do apagão lá de 2001, e não vai ter por que contratar mais trabalhador", alertou Barbosa Filho.

O economista explicou que embora os Indicadores Antecedentes do Mercado de Trabalho de dezembro, divulgados nesta terça-feira pela FGV, apontem para um cenário de estabilidade e emprego forte, a falta de energia poderia prejudicar a decisão das empresas de retenção de trabalhadores.

"A perspectiva é boa (para o mercado de trabalho) desde que não aconteça um apagão e a economia consiga recuperar o ritmo de crescimento, que perdeu um pouco o passo em 2012", avaliou Barbosa Filho. "A expectativa de falta de energia afeta a intenção dos empresários de reter trabalhadores. Se a escassez se realizar, esse ano vai ter aumento do desemprego", acrescentou.

O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) registrou recuo de 2,4% em dezembro ante novembro, o que, na avaliação da FGV, significa que haverá um leve recuo na taxa de desemprego medida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE. "Isso significa que a taxa de desemprego de 4,9% em novembro iria para aproximadamente 4,7% em dezembro, quase estabilidade. A gente espera que o desemprego caia, mas muito pouco", afirmou Barbosa Filho.


Em dezembro de 2011, a taxa de desemprego medida pelo IBGE ficou em 4,7%. O pesquisador ressaltou que o resultado é positivo, mas que não há muito espaço para avançar mais. "Já estamos vendo um nível de desemprego na mínima histórica. Dá para melhorar isso? Dá, mas com uma reforma trabalhista", opinou.

A FGV divulgou também, nesta terça-feira, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) de dezembro, que registrou ligeira queda de 0,3% em relação a novembro, resultado considerado de estabilidade.

O índice antecipa em dois até três meses o comportamento da população ocupada, medida pela PME. "Nosso indicador mostra que nos próximos meses o mercado de trabalho deve continuar aquecido, ainda apertado. Não temos medida sobre a renda, mas deve continuar alta. O empregador está com menor poder de barganha com o empregado. Não há nenhum sinal de desaquecimento no emprego", analisou o pesquisador.

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