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Falta de chuvas obriga produtores a replantar soja

Precipitações previstas para esta semana, no entanto, devem aliviar o problema do período seco no Centro-Oeste, principal região produtora da oleaginosa no país


	Com o replantio, custo pode subir em 100 reais por hectares, com novas sementes, e novo emprego de mão-de-obra e maquinário, por exemplo
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Com o replantio, custo pode subir em 100 reais por hectares, com novas sementes, e novo emprego de mão-de-obra e maquinário, por exemplo (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 13h02.

São Paulo - Produtores de algumas regiões de Goiás e Mato Grosso estão se vendo obrigados a replantar lavouras de soja devido à falta de chuvas nos últimos dias, disseram especialistas nesta segunda-feira.

Precipitações previstas para esta semana, no entanto, devem aliviar o problema do período seco no Centro-Oeste, principal região produtora da oleaginosa no país, ajudando também a retomada do plantio, que está atrasado.

Em sua pesquisa semanal sobre o plantio, a Agência Rural detectou necessidade de replantar a soja no sudoeste de Goiás, na região de Rio Verde, e no oeste de Mato Grosso, na região de Sapezal.

"Em algumas áreas de Goiás, parece ser extenso (o replantio)", disse nesta segunda-feira Daniele Siqueira, analista da AgRural.

"Mensurar o tamanho da área e o percentual que precisará ser replantado é praticamente impossível neste momento", ressaltou ela.

A Federação de Agricultura de Goiás confirma que houve replantio.

"Alguns casos pontuais tiveram, realmente, que fazer o replantio... Aconteceu não só em Rio Verde, mas em todo o sudoeste do Estado, que é a região que planta primeiro em Goiás", disse à Reuters Leonardo Machado, assessor técnico da Faeg.

Logo após o fim do vazio sanitário (período com proibição do plantio), com as primeiras chuvas, muitos produtores já começam a semear, disse ele.

No entanto, em alguns casos a soja não germinou. "A semente praticamente cozinhou", afirmou.


Em outros casos, houve germinação, mas posteriormente faltou umidade para o desenvolvimento das plantas.

Num processo normal, o custo de plantio é de 300 reais por hectare, ou 20 por cento dos custos totais, calcula a Faeg.

Com o replantio, o custo pode subir em 100 reais por hectares, com novas sementes, e novo emprego de mão-de-obra e maquinário, por exemplo.

Oeste de Mato Grosso 

A Aprosoja-MT, associação que reúne os produtores de Mato Grosso, recebeu relatos de lavouras no oeste do Estado onde há necessidade de replantar a soja.

"A gente está bem atrasado com o plantio em virtude disso", afirma Alex Utida, vice-presidente da Aprosoja na região oeste, falando à Reuters direto da cidade de Campo Novo do Parecis.

Até quinta-feira passada, os produtores de Mato Grosso tinham plantado 60 por cento da área projetada, contra 75 por cento na mesma época de 2011, de acordo com levantamento realizado pela AgRural. No Brasil, 40 por cento da área estava semeada, ante 52 por cento há um ano e 43 por cento na média de cinco anos.

Utida diz que os problemas foram registrados também em Sapezal e Diamantino.

"Tivemos problemas pontuais, mas sérios com relação ao plantio", disse ele. "Em alguns locais... perdemos as sementes e está tendo que ser replantado agora."


Retorno das chuvas

Por outro lado, produtores do Centro-Oeste respiram aliviados com o retorno das chuvas nesta semana.

A previsão da Somar Meteorologia divulgada nesta segunda-feira aponta pelo menos pancadas de chuva em todos os dias da semana, tanto no norte quanto no sul de Mato Grosso e também em Goiás.

Os especialistas dizem que a falta de chuvas no fim de outubro não deve atrapalhar o resultado da safra de soja, uma vez que a janela de plantio é adequada até o fim de novembro.

Na região de Rio Verde, por exemplo, houve boas chuvas neste fim de semana. "O pessoal já está no campo", disse Machado, da Faeg.

A preocupação, no entanto, fica com a chamada "safrinha" de milho, que é semeada logo após a colheita da soja, no Centro-Oeste, e meses antes do fim do período de chuvas.

"Goiás e algumas áreas de MT estão tão atrasadas que a janela do milho fica muito curta para ele (milho) ser plantado depois. Talvez eles até plantem, mas com muito mais risco, porque a chuva para em março ou abril e já não haverá umidade para o milho se desenvolver", ressaltou Daniele, da AgRural.

Segundo Utida, da Aprosoja, também é grande risco para a safra de algodão, que em Mato Grosso, é geralmente plantada em janeiro.

"A gente perdeu essa janela de janeiro", disse ele. "A área de algodão e de milho segunda safra vai cair bastante." As principais consultorias do país apontam um atraso no ritmo de plantio da soja este ano, na comparação com 2011.

Por outro lado, as expectativas de uma boa colheita estão mantidas. O governo federal, em sua última projeção, disse que a safra 2012/13 deverá ficar entre 80 milhões e 82,8 milhões de toneladas. Se o número se confirmar, o Brasil pode ultrapassar os EUA, líderes no ranking de produção, pela primeira vez na história.

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