Cristãos do Paquistão acendem velas em tributo às vítimas de atentado: o premiê não mencionou que medidas serão tomadas na esteira do pior ataque militante no país (Asif Hassan / AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2016 às 09h34.
Islamabad - Os militantes paquistaneses que bombardearam um parque da cidade de Lahore no domingo de Páscoa, matando 70 pessoas, provocaram o primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, nesta terça-feira, declarando que a guerra chegou às portas da casa do premiê.
Os militares paquistaneses estão caçando a facção Jamaat-ur-Ahrar e realizaram várias operações desde o ataque suicida, prendendo mais de 5 mil pessoas desde o fim de semana, mas depois soltando a grande maioria. Os investigadores mantêm 216 suspeitos em custódia no momento.
A Jamaat-ur-Ahrar assumiu a responsabilidade pela agressão, dizendo ter visado cristãos que comemoravam a Páscoa e alertando que irá intensificar os ataques.
Lahore é a capital de Punjab, a província mais rica e populosa do Paquistão e berço político de Sharif.
"Que Nawaz Sharif fique sabendo que esta guerra agora chegou ao limiar de seu lar", tuitou o porta-voz do Jamaat-ur-Ahrar, Ehsanullah Ehsan. "Os vencedores desta guerra serão, se Deus quiser, os justos mujahideen (combatentes)".
A Jamaat-ur-Ahrar, uma facção independente do Taliban paquistanês que chegou a declarar lealdade ao Estado Islâmico, realizou cinco grandes atentados no Paquistão desde dezembro.
Em um discurso à nação televisionado na segunda-feira, Sharif prometeu continuar a perseguir grupos militantes.
"Estou aqui para renovar o compromisso de que estamos contando cada gota de sangue de nossos mártires. Esta conta está sendo acertada, e não descansaremos até que seja paga", afirmou Sharif.
O premiê não mencionou que medidas serão tomadas na esteira do pior ataque militante no país desde que atiradores invadiram uma escola de Peshawar em dezembro de 2014 e mataram 134 crianças.
Também na segunda-feira, militares e autoridades governamentais disseram que os primeiros estão se preparando para lançar uma nova ofensiva paramilitar de contraterrorismo em Punjab.
A ação, que ainda não foi anunciada formalmente, significa que mais uma vez o governo civil atribuirá poderes especiais para os militares combaterem militantes islâmicos.
"O primeiro-ministro ordenou uma operação conjunta do departamento de contraterrorismo e dos agentes das áreas fronteiriças de Punjab contra os terroristas e seus facilitadores", afirmou um funcionário do governo presente a uma reunião entre Sharif e autoridades de Punjab na segunda-feira.