Equipes de emergência trabalham nos escombros do edifício de Savar, em Bangladesh: desabamento matou 1.127 pessoas (AFP / Munir Uz Zaman)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 13h37.
Centenas de fábricas do setor têxtil em Bangladesh fecharão por um período indeterminado devido à agitação dos trabalhadores provocada pelo desabamento de um edifício que abrigava ateliês de confecção, anunciou nesta segunda-feira o principal organismo do setor.
"Todas as fábricas da zona industrial de Ashulia fecharão por um período indeterminado a partir de terça-feira devido à agitação da mão-de-obra", declarou à AFP Shahidullah Azim, vice-presidente da Associação de Fabricantes e Exportadores Têxteis.
"Tomamos esta decisão para garantir a segurança de nossas fábricas", acrescentou.
Nesta zona industrial, situada a 30 km de Dacca, a capital, encontram-se algumas das fábricas mais importantes do país, que conta com 4.500 no total.
Não houve "praticamente nenhum trabalho" nestas fábricas nas últimas duas semanas, após o início das manifestações dos trabalhadores contra as condições de trabalho e segurança, explicou Azim.
Segundo o chefe da polícia de Ashulia, Badrul Alam, a zona industrial abriga 500 fábricas, entre elas uma centena de empresas-chave que confeccionavam roupas para marcas ocidentais como a americana Walmart, a sueca H&M, a espanhola Inditex ou a francesa Carrefour.
"Em 80% das fábricas os trabalhadores iniciaram greve hoje (segunda-feira) para pedir aumento de salário", indicou Alam à AFP, ressaltando que também exigiam a execução do proprietário do edifício que desabou no dia 24 de abril deixando 1.127 mortos.
O colapso do Rana Plaza em Savar, nos arredores de Dacca, é a pior tragédia industrial do país. O edifício abrigava cinco ateliês de confecção e empregava mais de 3.500 trabalhadores que, em alguns casos, recebiam menos de 40 dólares por mês.
Bangladesh é o segundo exportador do mundo de roupas devido aos baixos salários e à abundante mão-de-obra. Este setor chave da economia, que gera 29 bilhões de dólares por ano, representou em 2012 80% das exportações do país.